Professor Vladmir Silveira

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Amazônia, uma savana inóspita até 2100
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A espécie de árvore que pode compensar emissões da indústria da carne no Brasil

Ellen Nemitz BBC Future As vacas têm uma relação próxima com o metano. À medida que o mamífero segue sua vida, pastando ou ruminando à sombra de uma árvore, normalmente emite de 70 a 120 kg do gás por ano. O metano é um potente gás de efeito estufa, retendo calor na atmosfera com muito mais eficiência do que o CO2. Para reduzir essas emissões, que contribuem para o aquecimento do planeta, adotar uma dieta à base de vegetais tem se mostrado uma solução eficaz na escala individual (já que um terço do dióxido de carbono é emitido por 20 empresas), e ao se reduzir o consumo de carne bovina em particular, por ser uma carne com alto teor de carbono. Mas o apetite humano por carne bovina, ainda assim, vem crescendo de forma contínua há décadas: hoje, cerca de 72 milhões de toneladas são produzidas por ano. Isso é cerca de 12,5 vezes o peso da pirâmide de Gizé, no Egito. Um país com grande incentivo para tornar sua carne mais sustentável é o Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina, fornecendo quase 20% das exportações mundiais. Carne de carbono neutro no Brasil Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vêm buscando uma forma de neutralizar as emissões do enorme rebanho bovino do país — culminando em 2020 com o selo de certificação Carne Carbono Neutro. Em vez de simplesmente comprar crédito de carbono para compensar as emissões (uma abordagem que pode ser repleta de dificuldades), a Embrapa tem como objetivo tornar o processo de criação de gado neutro em carbono dentro da fazenda, na esperança de poder tornar a indústria de carne bovina do país mais sustentável. O incentivo do Brasil para “limpar” a indústria não se deve apenas às emissões de carbono. O país um dos líderes em desmatamento, sendo a criação de gado um dos principais fins comerciais da terra desmatada. Em todo o mundo, 2,11 milhões de hectares de floresta são perdidos a cada ano para as vacas pastarem. O desmatamento para a pecuária libera cerca de 6% dos gases de efeito estufa do mundo, incluindo o gás de efeito estufa de longa duração CO2, assim como o metano das vacas e o metano emitido do solo. Enquanto isso, a perda da cobertura vegetal reduz a biodiversidade e aumenta o risco de que novas doenças restritas a animais selvagens “saltem” para os humanos. O selo Carne Carbono Neutro da Embrapa prevê o plantio de árvores de eucalipto na mesma área onde o gado pasta. Acredita-se que cerca de 250 a 350 árvores por hectare seja o número ideal para manter as fazendas brasileiras financeiramente viáveis, produzindo 25 metros cúbicos de madeira por hectare por ano, de acordo com estudos de pesquisadores da Embrapa. Com isso, é possível sequestrar até cinco toneladas de carbono — o equivalente às emissões de cerca de 12 bovinos adultos. No total, essas árvores ocupam cerca de 10% a 15% da área, plantadas a cada 2 metros em fileiras com algo entre 14 metros e 22 metros de distância. Isso também pode tornar a fazenda mais produtiva, diz Roberto Giolo de Almeida, que comanda a equipe da Embrapa. Na pecuária tradicional brasileira, há normalmente cerca de um animal pastando por hectare de terra. Pasto com árvore Ao plantar árvores, a qualidade do pasto, na verdade, melhora. Com a sombra feita pelas árvores, parte da grama recebe menos luz solar. E reage investindo mais na fotossíntese, produzindo mais cloroplastos, organelas onde ocorre a fotossíntese. São essas organelas que contêm clorofila — a molécula que dá cor às plantas verdes. Uma planta enriquecida em cloroplastos possui um teor mais alto de nitrogênio, necessário para a produção de proteínas, e por isso se torna mais nutritiva para as vacas. A equipe de Giolo de Almeida descobriu que pastagens com árvores podem suportar até o dobro de gado por causa do pasto superior. E as vacas também engordam mais rápido — além de uma nutrição melhor, contam com a vantagem adicional de que as árvores oferecem alguma sombra para escapar do calor intenso durante o dia. Normalmente, uma vaca criada em um pasto com árvores vai chegar a 250 kg de carne em dois anos — uma produtividade cerca de 30% maior do que a esperada em sistemas tradicionais, diz ele. Isso significa que os animais passam menos tempo pastando antes do abate, dando a eles menos tempo para emitir metano. Quando as árvores estão maduras, são cortadas para serem vendidas e novas mudas as substituem. Richard Eckard, professor de agricultura sustentável da Universidade de Melbourne, na Austrália, que conhece o projeto da Embrapa, mas não está envolvido nele, vê muitas vantagens no uso do eucalipto, árvore nativa da Austrália de rápido crescimento. “Se você cortar essas árvores e transformá-las em madeira para serraria, se você construir casas ou móveis, pelo menos dois terços do carbono permanecerá fora da atmosfera indefinidamente ou pelas próximas centenas de anos”, diz Eckard. Até o momento, a Embrapa não realizou estudos sobre o uso de árvores nativas para absorver carbono — normalmente elas demoram mais para crescer. No entanto, um projeto chamado selo Carbono Nativo está começando a investigar se árvores nativas podem um dia ser usadas em um esquema semelhante. E no sul do Brasil, um experimento em andamento visa introduzir a Araucária, um símbolo nativo da região ameaçado de extinção, em pastagens de gado integradas a áreas de cultivo. Esses sistemas de combinar pecuária e plantio de árvores não possuem apenas uma “receita”, diz a agrônoma Claudete Reisdorfer Lang, professora da Universidade Federal do Paraná, que lidera a pesquisa. “[Depende] dos diferentes componentes — lavouras, árvores, animais, entre outros”, diz ela, assim como das maneiras como as diferentes partes do sistema são integradas no campo. E combinar gado e plantação de árvores pode não ser uma abordagem que funcione em qualquer lugar, observa Eckard — cada área tem seu próprio clima e solo e precisa de sua própria solução. Apesar disso, Giolo de Almeida

FAPESP lança iniciativa de mentoria para consolidação da carreira em pesquisa
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Fiocruz recomenda vacinação de adolescentes para volta ao ensino presencial

‘Não há razão para acreditar que as vacinas não devam ser igualmente protetoras contra a Covid-19 em adolescentes como são em adultos’, explica especialista. Reabertura de escolas deve estar associada a outras medidas, como uso de máscara e distanciamento físico de 1,5 metro. Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda a vacinação de jovens de 12 a 18 anos para o retorno mais rápido ao ensino presencial e à prática de esportes e outras atividades. Para a coordenadora do grupo de trabalho criado sobre o assunto e assessora da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), Patrícia Canto, a vacinação de adolescentes pode reduzir significativamente o fechamento prolongado de turmas, escolas e interrupções de aprendizagem. “O risco de afastamento dos menores de 18 anos de suas atividades normais como escola e eventos sociais pode se revelar um risco maior do que o da própria Sars-CoV-2 para eles. Não há razão para acreditar que as vacinas não devam ser igualmente protetoras contra a Covid-19 em adolescentes como são em adultos e, em conjunto com as medidas de distanciamento e uso de máscaras, propiciem um retorno às aulas ainda mais seguro”. O documento é uma versão atualizada e ampliada de um conjunto de orientações e recomendações sobre as atividades escolares publicado em março. O material, segundo a Fiocruz, é baseado em evidências e informações científicas e sanitárias, nacionais e internacionais. A nova edição traz, entre outros temas, novos elementos, com questões como: a vacinação de crianças e adolescentes; a transmissão aérea da Covid-19; os possíveis riscos em ambientes fechados e como enfrentá-los. Para os pesquisadores, em um cenário de alta transmissão comunitária do coronavírus, o funcionamento das escolas precisa estar associado à manutenção de outras medidas, como: ventilação e melhoria da qualidade do ar dos ambientes; uso de máscaras com comprovada eficácia; definição de estratégia para rastreamento e monitoramento de casos e contatos na escola e medidas para suspensão de atividades presenciais; manutenção do distanciamento físico de, pelo menos, 1,5 metro; e orientações sobre higienização contínua das mãos. A Fiocruz defende ainda que a decisão sobre o melhor momento para a reabertura deve seguir as orientações dos indicadores epidemiológicos e quem tiver com algum com sintoma respiratório deve permanecer em casa. Para os especialistas, o plano de retorno às atividades presenciais de ensino deve ser aprovado após ampla discussão com a comunidade escolar e continuamente atualizado, e deve envolver alunos, crianças, adolescentes ou adultos na tomada de decisões. Fonte: G1

Aberto Concurso em SP para todos os níveis de escolaridade
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ProUni 2021 abre matrículas para pré-selecionados na lista de espera

Fonte: UOL Educação ProUni 2021 abre matrículas para pré-selecionados na lista de espera Começa hoje o período para a comprovação de informações da inscrição e matrícula dos candidatos pré-selecionados na lista de espera do ProUni (Programa Universidade para Todos), para o segundo semestre de 2021. O prazo para os estudantes comparecerem às instituições de ensino termina na sexta-feira (27). A lista com o nome dos selecionados e o cronograma do programa podem ser acessadas no site do ProUni. No total, o programa oferece 134 mil bolsas, sendo 69.482 integrais e 64.847 parciais. São bolsas para 10.821 cursos em 952 instituições de ensino, localizadas em todos os estados e no Distrito Federal. Após as duas chamadas regulares, os estudantes inscritos também tiveram a oportunidade de participar da lista de espera. Caso as bolsas não sejam preenchidas nesta fase, o Ministério da Educação poderá ainda ofertar as vagas remanescentes em um novo edital. O ProUni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudo, integrais e parciais (50%), em instituições particulares de educação superior. Para ter acesso à bolsa integral, o estudante deve comprovar renda familiar Para ter acesso à bolsa integral, o estudante deve comprovar renda familiar bruta mensal de até 1,5 salário mínimo (R$ 1.650 atualmente) por pessoa. Para a bolsa parcial, a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos (R$ 3.300) por pessoa. É necessário também que o estudante tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou da rede privada, desde que na condição de bolsista integral. Professores da rede pública de ensino também podem disputar uma bolsa, e, nesse caso, não se aplica o limite de renda exigido dos demais candidatos. É preciso que o candidato tenha feito a edição mais recente do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), tenha alcançado, no mínimo, 450 pontos de média das notas e não tenha tirado zero na redação.

'Me formar virou um pesadelo': os brasileiros endividados com o Fies
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‘Me formar virou um pesadelo’: os brasileiros endividados com o Fies

Vinícius Lemos – @oviniciuslemos Da BBC News Brasil em São Paulo O ingresso no ensino superior foi a concretização de um sonho, mas anos depois se tornou um pesadelo. Essa é a definição de Michele Pereira sobre o diploma de Administração que ela conquistou no fim de 2015. “Venho da periferia e, até então, ninguém tinha ensino superior entre os meus familiares mais próximos. Achava que a universidade seria a minha chance de crescimento profissional e financeiro”, declara Michele à BBC News Brasil. O pesadelo, diz ela, teve início há quatro anos, quando começou a ser cobrada para pagar as mensalidades do Financiamento Estudantil (Fies). Até hoje, Michele não pagou uma parcela sequer, pois argumenta que não teve condições financeiras para isso. Após se formar, ela não conseguiu trabalho na área em que se formou. Por não ter pagado o financiamento, as parcelas acumularam e o nome de Michele foi negativado. Casos como o dela não são difíceis de encontrar entre pessoas que concluíram o ensino superior por meio do Fies. A situação se tornou ainda mais grave em meio à crise causada pela pandemia de covid-19. Em julho do ano passado, o Fies teve o maior percentual de inadimplência da história: 54.3% dos contratos não foram pagos naquele mês, segundo o Ministério da Educação (MEC), responsável pelo programa. Atualmente há cerca de 1 milhão de inadimplentes com o financiamento, conforme a pasta — pessoas que estão com mais de 90 dias de atraso no pagamento das parcelas. Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, é fundamental que o governo discuta formas para facilitar os pagamentos das mensalidades. O Ministério da Educação afirma, em nota à BBC News Brasil, que tem avaliado junto com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) “a publicação de nova renegociação de dívidas”. Porém, ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. ‘Imaginava que sairia da faculdade ganhando R$ 7 mil’ Michele iniciou o curso superior em 2012, em uma instituição particular de Governador Valadares (MG). Era o primeiro governo Dilma Rousseff (PT) e o Fies estava no auge. Nesse período, o número de contratos disparou de cerca de 76 mil em 2010 para 732 mil em 2014. Quando ingressou no ensino superior, Michele trabalhava em uma cooperativa de crédito. Foi justamente por causa do emprego que ela decidiu cursar Administração, pois queria conquistar um cargo melhor no local. Sem condições financeiras para arcar com as mensalidades, recorreu ao Fies de forma integral. Os objetivos dela estavam traçados: concluir o ensino superior, conseguir um salário maior e pagar o financiamento sem impactar muito a sua renda. “Imaginava que sairia da faculdade ganhando uns R$ 7 mil. Me lembro que quando comecei no curso havia um banner que dizia que profissionais de Administração ganhavam de R$ 4 mil a R$ 7 mil”, comenta. Ela se formou quatro anos após ingressar no ensino superior. A realidade ao concluir o curso foi completamente diferente da que esperava no passado. Michele estava desempregada e precisava se dedicar integralmente ao filho recém-nascido. Quando começaram as cobranças do Fies, sequer cogitou pagar as parcelas. “Não tinha a menor condição naquele momento”, desabafa. Ela foi colocada no cadastro de inadimplentes. Quando o filho cresceu um pouco, Michele começou a procurar emprego. O nome sujo a impediu de encontrar vaga em uma área na qual ela sempre quis trabalhar. “Desde que eu era menor aprendiz, trabalhava em instituições financeiras, e sempre foi onde eu quis continuar trabalhando”, comenta. “Passei por etapas de entrevistas em instituições financeiras, mas esses lugares não me contratavam porque meu nome está com restrição. Isso é complicado, sequer dão a oportunidade de mostrar trabalho”, diz. Desde que concluiu o curso superior, ela passou cerca de três anos sem um emprego fixo. Hoje, Michele trabalha como vendedora. “Já fiz umas 10 entrevistas para diversos empregos relacionados à Administração, mas o meu nome sujo me impede de ser contratada. Só consegui trabalhos em outras áreas, mas queria mesmo era atuar na minha área, que é para a qual eu estudei e fiz vários cursos”. Ela não tem, ao menos por enquanto, previsão para pagar as parcelas que deixou para trás, que hoje estão em torno de R$ 15 mil. “Há juros em cima de juros e a dívida está cada vez maior”, diz. O contrato do Fies previa que ela quitasse R$ 43 mil referentes ao curso ao longo de 15 anos. “Valeu a pena me formar e ter um diploma de ensino superior. Mas isso virou um pesadelo quando terminei o curso e caí na realidade”, lamenta. ‘Hoje a gente vive decidindo se come ou paga a dívida’ No cenário da pandemia de covid-19, os pagamentos do Fies também foram afetados. Diante da crise sanitária, que impactou duramente a economia, a dívida do financiamento se tornou um duro problema para muitos. “Hoje a gente vive decidindo se come ou paga a dívida do Fies”, desabafa a fisioterapeuta Ilse Silva, de Recife, em Pernambuco. A mulher e o marido usaram o Fies para concluir o ensino superior. Ilse se formou em fisioterapia em 2017. O marido dela, Ivan, concluiu o curso de Engenharia de Produção em 2015. Os dois trabalhavam nas respectivas áreas em que se formaram. Nos primeiros anos, conseguiram pagar as mensalidades de R$ 460 de seus contratos do Fies, R$ 220 de Ivan e R$ 240 de Ilse. Em 2019, Ivan saiu do emprego para abrir uma empresa de automação residencial. Em março de 2020, ele precisou suspender o investimento, enquanto fazia treinamentos e após comprar equipamentos, por causa da pandemia. A situação ficou ainda mais difícil porque Ilse foi demitida. Ivan precisou buscar uma nova fonte de renda. Ele se tornou motorista de aplicativo para conseguir pagar as contas da família — o casal tem dois filhos, de 19 e 17 anos. “Nesse momento comecei a ajustar as contas e a escolher o que manter em dia e o que iria atrasar pela redução financeira em nossa casa. Então, estamos sem pagar o Fies desde

migrantes que buscam vida nova no MS
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CNJ e CNMP aprovam resolução conjunta que institui SireneJud

Foi aprovada, por unanimidade, resolução conjunta que institui o SireneJud, painel interativo de dados ambientais com ferramentas para indicar com precisão o lugar de ocorrência dos danos ao meio ambiente discutidos em ações judiciais ou objeto de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). O Ato Normativo 0003631-44.2021.2.00.0000 foi julgado nesta terça-feira (15/6) durante a sessão conjunta sob a presidência do presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, e do presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Augusto Aras. Os órgãos do Poder Judiciário e os Ministérios Públicos manterão em seus sistemas eletrônicos informações de preenchimento obrigatório que especifiquem o local do dano ambiental, a partir das coordenadas geográficas dos vértices que definem os limites da área abrangida pela ação judicial ou TAC, e o município de ocorrência do dano ou de cumprimento da obrigação pactuada no TAC. O prazo para adaptação dos sistemas informatizados é de 90 dias. Além disso, cada Conselho regulamentará a criação de comitê gestor que definirá os parâmetros e os requisitos necessários para implantação do painel SireneJud. “Temos que pensar em sinergia de ações, que visem as gerações atuais e futuras. Há mais de um ano vem sendo construída uma base de dados que diz respeito às florestas públicas brasileiras. Esse levantamento identifica onde estão essas florestas, além de apontar onde estão ocorrendo eventuais degradação ambiental, desmatamentos, entre outros”, explicou a relatora da matéria, conselheira Maria Tereza Uille Gomes. Inovação pelo meio ambiente O SireneJud foi desenvolvido a partir de pesquisas realizadas pelo Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (LIODS), para ser um painel que, além de informações sobre as ações judiciais na temática ambiental, consolide dados abertos de interesse à proteção do meio ambiente. Estarão disponíveis informações sobre terras indígenas, florestas públicas, áreas de proteção ambiental, assentamentos agrícolas sob a gestão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), dados produzidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre outros. Segundo a conselheira do CNJ, o trabalho da Comissão da Agenda 2030 e do Observatório do Meio Ambiente busca maneiras de combater os crescentes problemas envolvendo a área ambiental. “Ao saber onde há desmatamento, degradação, queimada, desde quando os fenômenos ocorrem e a que propriedade está ligada, fica mais fácil direcionar as ações, bem como gerar um banco de dados profícuo sobre a questão.” O Brasil tem 5.568 municípios e em 1.693 foram identificadas florestas públicas cadastradas no serviço florestal brasileiro, somando mais de 300 milhões de hectares – cerca de 36% do território brasileiro. “A dificuldade estava em conectar esses dados com os dados processuais, por falta de alimentação do campo com o nome do município onde ocorreu o dano ambiental e as coordenadas georreferenciadas, e assim incluir esses processos na Meta Nacional 12 do Poder Judiciário, de priorizar o julgamento das ações ambientais”, afirmou Maria Tereza. “A integração de dados interinstitucionais e a oportuna exibição em painéis de dados abertos inserem o Poder Judiciário brasileiro e o Ministério Público na posição de co-protetores das florestas públicas e do direito fundamental ao clima, de natureza intergeracional”, afirmou a conselheira. A precisão de dados geoespaciais, integrados, entre os Poderes e instituições, aliados ao diálogo interinstitucional, segundo ela, são caminhos essenciais para ampliar a proteção da rede ambiental no país, prevenir e reprimir crimes ambientais. O SireneJud atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, sobre ação contra mudança global do clima; e o ODS 15, que trata da vida terrestre. A medida também tem relação direta com a Meta Nacional 12 do Poder Judiciário, que busca impulsionar processos referentes à temática ambiental. Homenagem A 333º Sessão Ordinária foi a última sessão do mandato da conselheira Maria Tereza Uille no CNJ. Ao final dos julgamentos, o ministro Luiz Fux homenageou a conselheira, destacando o currículo e realizações. Ela foi indicada pela Câmara dos Deputados, ingressando no CNJ em junho de 2017 e com recondução para um segundo mandato em 2019. Fux destacou que Maria Tereza Uille foi a primeira mulher a comandar o Ministério Público do Paraná e também a primeira mulher eleita para presidir a associação representativa dos membros daquela instituição. “A vocação para a promoção da Justiça e dos Direitos Sociais direcionou sua atuação perante o CNJ, onde se dedicou a trabalhos e ações de grande relevância, que muito agregaram às políticas, projetos e julgamentos afetos à competência deste Conselho.” No CNJ, ela participou como presidente da Comissão Permanente dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2030, e como membro das Comissões Permanentes de Gestão Estratégica, Estatística e Orçamento e de Tecnologia da Informação e Inovação. “Em sua trajetória neste Conselho, Vossa Excelência tem notória atuação em prol dos direitos fundamentais e dos valores que orientam a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, com qual o Judiciário brasileiro se encontra firmemente compromissado”, Fux ressaltou. Lenir Camimura Herculano Agência CNJ de Notícias

Brasileira recebe mesmo reconhecimento que Einstein, Mandela e Darwin
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Brasileira recebe mesmo reconhecimento que Einstein, Mandela e Darwin

Fonte: Exame Angela Villela Olinto é líder no novo campo da “física das astropartículas” e trabalha em projetos com a Nasa; veja sua entrevista exclusiva com a EXAME A física de astropartículas e professora da Universidade de Chicago, Angela Villela Olinto, tornou-se membro da Academia Americana de Artes e Ciências, título que a coloca ao lado de nomes como Albert Einstein, Martin Luther King, Winston Churchill, Nelson Mandela, Charles Darwin e muitos outros. Já na mesma semana, Olinto integrou a Academia Nacional de Ciências, que, só neste ano, elegeu 120 membros, sendo 59 mulheres – o maior número já eleito em um único ano. Em entrevista à EXAME, a professora conta sobre seus projetos com a Nasa e sua liderança no novo campo de astropartículas. Quem é Angela Olinto? Olinto é formada em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e é doutorada em Física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. “Na faculdade me interessei por física de partículas e, no doutorado, pela astrofísica. Do pós-doutorado em diante, me dediquei a construir este novo campo que reúne as duas áreas de meu interesse anterior”, diz Olinto sobre seu interesse pelas astropartículas. A especialista é considerada líder no novo campo da “física das astropartículas”, que são partículas que compõem ou interagem com a matéria, como os núcleos atômicos e os neutrinos, que vêm de fontes astrofísicas distantes do sistema solar. De acordo com Olinto, as possíveis fontes das astropartículas incluem “buracos negros supermassivos, galáxias com formação intensa de estrelas, estrelas dissociadas por buracos negros e colisões que produzem ondas gravitacionais”. “O termo “física das astropartículas” representa a aliança interdisciplinar entre a astrofísica e a física de partículas. Estudando as astropartículas, entendemos mais sobre as leis fundamentais da natureza”, diz Olinto. Ao longo da carreira, Angela fez contribuições teóricas e experimentais sobre astropartículas, incluindo pesquisas sobre o estudo da estrutura das estrelas de nêutrons, teoria inflacionária, origem e evolução dos campos magnéticos cósmicos, natureza da matéria escura e a origem das partículas cósmicas de maior energia, como raios cósmicos, raios gama e neutrinos. Projetos com a Nasa Em conjunto com a Nasa, Olinto é responsável pela pesquisa de diversos projetos, entre eles o EUSO-SPB (“Observatório espacial do universo em um balão de superpressão”, em português), um balão de alta pressão que viaja numa altitude de 33 quilômetros. Com previsão de voo para 2023, seu objetivo é detectar raios cósmicos de ultra alta energia. Outro projeto é a futura missão espacial chamada POEMMA (“Sonda dos multi-mensageiros astrofísicos extremos”, em português). “O projeto foi desenhado pelo meu time internacional de quase 80 investigadores para uma missão dedicada a estudar as astropartículas mais energéticas, os raios cósmicos e neutrinos ultra energéticos, e descobrir as suas fontes e interações”, conta Olinto. Se aprovada para construção e voo, a missão espacial ocorrerá ainda no final desta década. O que são as academias de ciências? Fundada em 1780, a Academia Americana de Artes e Ciências homenageia e reúne líderes de todos os campos da atividade para ressaltar novas ideias, abordar questões de importância nacional e mundial e trabalhar em conjunto. Seus estudos ajudam na pesquisa e análise nos setores da política, ciência, tecnologia, segurança global, assuntos internacionais, política social, educação e ciências humanas. Já a Academia Nacional de Ciências é uma instituição privada sem fins lucrativos, que foi estabelecida sob uma carta do Congresso assinada pelo presidente Abraham Lincoln em 1863. Ela reconhece a conquista em ciência por meio de uma eleição do conselho, e – ao lado da Academia Nacional de Engenharia e da Academia Nacional de Medicina – fornece conselhos e pesquisas sobre ciência, engenharia e saúde para o governo federal e outras organizações. Sobre se tornar membro das duas academias em menos de uma semana, Olinto descreve a experiência como “muito emocionante”. “É uma imensa honra ser membro de uma destas duas instituições históricas, as academias mais importantes na ciência nos Estados Unidos. Sou privilegiada por ter seguido perguntas inspiradoras sobre o nosso universo, e ter construído parcerias e colaborações brilhantes no caminho. É uma grande alegria ser reconhecida pelos meus colegas cientistas, especialmente em um ano tão desafiador”, diz Olinto.    Para mulheres brasileiras como Olinto que podem ter interesse no ramo científico, a física deixa a mensagem: “A beleza da ciência, como da arte, é, ou deveria ser, acessível a todos nós. Se esta beleza te inspirar, não deixe ninguém dizer que não é para mulheres. Leia, estude, aprenda com sinceridade e tenha respeito pela beleza complexa da área que escolher. Seguindo a sua intuição, dedicação e convicção, você pode ir muito longe. Como numa escalada, se focar no caminho a frente, quando chegar no alto pode olhar para trás com orgulho da escalada cumprida.”

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Estudo relata ameaças e oportunidades relacionadas aos ODS durante pandemia

Fonte: ONU   O estudo “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e COVID-19: Como as organizações estão (re)agindo?” investiga como as pressões do ambiente externo influenciam as reações e o engajamento das organizações em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os pesquisadores concluíram que as pressões governamentais influenciam as empresas em maior intensidade do que pressões internas, ou aquelas relacionadas às normativas de alianças ou redes. A pesquisa aponta para o papel fundamental dos organismos reguladores na realização da Agenda 2030. Porém, tal expectativa desencadeia alertas sobre o envolvimento do setor público com os ODS e a dependência das empresas com relação às pressões externas.   Segundo o estudo, quanto maior intensidade nas pressões do governo, maior o engajamento das organizações com os ODS Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgam os resultados de um estudo realizado entre outubro e dezembro de 2020 a partir de levantamento feito com empresas da Rede Brasil do Pacto Global. O trabalho investigou como as pressões do ambiente externo influenciam as reações e o engajamento das organizações em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e quais foram os objetivos mais trabalhados durante o período de pandemia. As respostas evidenciaram que as organizações que sofrem pressões externas com maior intensidade estão engajadas com os ODS em um patamar mais avançado e estratégico. Aquelas que sofrem menos pressões externas, por sua vez, estão engajadas em um patamar inicial. O estudo “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e COVID-19: Como as organizações estão (re)agindo?” também conclui que a maioria das empresas é influenciada por pressões governamentais e reguladoras. Ou seja, quanto maior intensidade nas pressões do governo, maior o engajamento das organizações com os ODS. As pressões governamentais influenciam as empresas em maior intensidade do que pressões internas, ou aquelas relacionadas às normativas de alianças ou redes. Objetivos mais trabalhados – Já com relação aos ODS trabalhados durante o período, os ODS 1 – Erradicação da pobreza; ODS 3 – Saúde e bem-estar; ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico e ODS 12 – Consumo e produção sustentáveis não tiveram o nível de engajamento afetado, o que pode ser um indicativo do envolvimento voluntário das organizações durante a pandemia. Já as ações mais comuns no período foram alterações na cadeia produtiva, disponibilização de recursos (como redes logísticas, canais de comunicação, entre outros) e desenvolvimento de novos produtos e/ou oferta de novos serviços. De acordo com a profa. Bárbara Galleli, embora o estudo tenha apontado resultados otimistas – as organizações estão de alguma forma engajadas com os ODS durante o período pandêmico – os dados também trazem alertas: “A pesquisa aponta para o papel fundamental dos organismos reguladores na realização da Agenda 2030, o que já é previsto e esperado. Porém, tal expectativa pode desencadear alertas sobre o envolvimento do setor público com os ODS e a dependência das empresas com relação às pressões externas, em detrimento da proatividade das organizações com as agendas sociais e ambientais em tempos de crise”. Para ler a pesquisa, acesse aqui: https://materiais.pactoglobal.org.br/engajamento-das-organizacoes-em-relacao-aos-ods

Marcelo Rebelo de Sousa promulga Carta de Direitos Humanos na Era Digital
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Marcelo Rebelo de Sousa promulga Carta de Direitos Humanos na Era Digital

Fonte: Portugal Digital O diploma tem 21 artigos e garante direitos como o “direito ao esquecimento”, o direito à proteção contra geolocalização abusiva ou ainda o direito de reunião, manifestação, associação e participação em ambiente digital. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou no sábado a Carta de Direitos Humanos na Era Digital, aprovada em abril na Assembleia da República, segundo uma nota divulgada no ‘site’ da Presidência. A lei, aprovada em 08 de abril passado, prevê direitos, liberdades e garantias dos cidadãos no ciberespaço, mas também uma tarifa social de acesso à Internet. A nova legislação foi aprovada em votação final global, com os votos do PS, PSD, BE, CDS, PAN, das deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues e a abstenção do PCP, PEV, Chega a Iniciativa Liberal, e resulta de dois projetos, do PS e do PAN, que apresentaram um texto comum, discutidos em plenário em outubro de 2020. O diploma tem 21 artigos e garante direitos como o “direito ao esquecimento”, o direito à proteção contra geolocalização abusiva ou ainda o direito de reunião, manifestação, associação e participação em ambiente digital. A lei determina que “o Estado deve promover” a “criação de uma tarifa social de acesso à Internet” para clientes economicamente vulneráveis, a existência de “pontos de acesso gratuitos” em espaços públicos como bibliotecas, jardins e serviços públicos ou ainda a continuidade do domínio “.pt”. Ao Estado é também pedido que garanta “em todo o território nacional conectividade de qualidade, em banda larga e a preço acessível”. São igualmente conferidas garantias de liberdade de expressão da utilização do ciberespaço e também é “proibida a interrupção intencional de acesso à Internet seja parcial ou total”. No plano do combate às “fake news”, a lei determina que o Estado “assegura o cumprimento em Portugal do Plano Europeu de Ação contra a Desinformação” para “proteger a sociedade contra pessoas singulares ou coletiva, ‘de jure’ ou de facto, que produzam, reproduzam e difundam narrativas” desse tipo. Está previsto que qualquer cidadão tem o direito a apresentar queixas à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) em casos de desinformação. O diploma determina o “direito ao esquecimento”, ou seja, “o direito ao apagamento de dados pessoais que lhe digam respeito”, nos termos da lei europeia e nacional, ação em que pode pedir o apoio do Estado.  

Educação para sustentabilidade
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Educação para sustentabilidade: o papel do ensino superior na formação do gestor responsável

O desenvolvimento sustentável e a inclusão dos princípios EESG (Economic, Environment, Society, Governance) nas organizações continuarão a ser uma questão de interesse global. Os tomadores de decisão são importantes protagonistas na condução das mudanças em prol da sustentabilidade. O progresso dos últimos 20 anos foi significativo, mas ainda há muitos problemas e lacunas. Assim, para apoiar esse movimento, as escolas de negócios precisam colocar a sustentabilidade como paradigma central na formação das lideranças, deixando de lado a visão míope do paradigma neoclássico que foca exclusivamente em maximização de lucros para o acionista e no curto prazo. O avanço dependerá da capacidade destas escolas em traduzir os problemas de desenvolvimento em programas de graduação, pós-graduação e educação executiva para formação e desenvolvimento de gestores sustentáveis. Gestores sustentáveis assumem a responsabilidade pelo desempenho e impactos ambientais, sociais e econômicos, ao mesmo tempo em que visam gerar valor aos diversos stakeholders. Portanto, os gestores precisam desenvolver Competências Orientadas à Sustentabilidade (COS). Evidências de estudos acadêmicos categorizam as COS em 4 dimensões: “Saber”, “Fazer”, “Interagir” e “Ser”. “Saber” envolve o desenvolvimento de conhecimento técnico específico sobre sustentabilidade, como conceitos e modelos existentes. “Fazer” integra o desenvolvimento do pensamento sistêmico, o trabalho interdisciplinar e as decisões relacionadas à sustentabilidade. “Interagir” está relacionado às competências sociais que permitem a um gestor interagir com diversas partes interessadas. “Ser” consiste em ser altruísta e sentir empatia por questões de sustentabilidade. Para desenvolver tais competências, a experiência tem demonstrado que as escolas de negócios e os educadores precisam repensar as estratégias de ensino e aprendizagem, considerando algumas questões críticas: – A consulta e o relacionamento com stakeholders externos podem garantir a educação para a prática da sustentabilidade; – Os projetos e atividades propostos pelos educadores devem envolver problemas reais de desenvolvimento e que sejam próximos à realidade dos alunos;- Os alunos devem ser protagonistas da jornada de aprendizagem. Por isso, a Abordagem Ativa de ensino pode ser uma alternativa eficaz;- Os educadores devem atuar como facilitadores, não fornecendo as respostas, mas fazendo as perguntas certas, para que os alunos possam refletir sobre os problemas e desenvolver soluções valiosas no âmbito da gestão das pessoas, das operações, dos recursos naturais ou financeiros; – A mudança precisa ser sistêmica. Não adianta contratar um educador especialista e criar um curso isolado para tratar questões de sustentabilidade. É preciso considerar sustentabilidade como uma competência a ser integrada em toda a grade curricular e nas atividades de extensão. Ademais, a gestão e a pesquisa também devem ser orientadas à sustentabilidade. Isso requer um esforço coletivo e coordenação dentro da instituição. Fonte: EXAME  

Diretora de Meio Ambiente da OMS: “70% dos últimos surtos epidêmicos começaram com o desmatamento”
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Diretora de Meio Ambiente da OMS: “70% dos últimos surtos epidêmicos começaram com o desmatamento”

Fonte: El Pais  María Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, explica como os vírus do ebola, Sars e HIV saltaram dos animais para os humanos depois da destruição maciça de florestas tropicais A médica espanhola María Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que a pandemia do coronavírus é mais uma prova da perigosa relação entre os vírus e as pressões do ser humano sobre o meio ambiente. Do seu escritório em Genebra, na Suíça, Neira explica como os vírus do ebola, sars e HIV, entre outros, saltaram de animais para seres humanos depois da destruição de florestas tropicais. Neira (Astúrias, 59 anos) insiste na necessidade de que Governos e indivíduos compreendam que a mudança climática é um problema de saúde pública, não uma questão de ecologia ou ativismo. A cientista, mestra em saúde pública e nutrição, propõe uma revolução saudável, positiva e verde, que tenha como pilar fundamental a rápida transição na direção de energias limpas. Segundo ela, países que decidirem trocar o petróleo e o carvão pela energia solar e eólica acelerarão seu crescimento e reduzirão a pobreza e a desigualdade. Pergunta. No prólogo do livro Viral, de Juan Fueyo, você adverte sobre a perigosa relação entre os vírus e as pressões do ser humano sobre o meio ambiente, sobretudo o desmatamento. No que consiste essa relação? Como ela funciona? Resposta. As práticas de desmatamento intenso, feitas sempre em nome da economia de curto prazo, têm efeitos devastadores para o futuro da humanidade. Ao derrubar a floresta para substituí-la por agricultura intensiva e poluente, os animais que vivem nesses lugares nos quais o homem não havia entrado sofrem profundas transformações. Aparecem espécies com as que não estávamos em contato e que podem nos transmitir doenças. Passar de uma floresta tropical para um cultivo, com adubos e pesticidas que nunca tinham entrado nesse ecossistema, altera o tipo de vetores capazes de transmitir os vírus. O desmatamento é uma forma de derrubar essa barreira ambiental entre espécies que nos protege de forma natural. P. Pode contar um caso específico? R. Um exemplo claro deste fenômeno é o vírus do ebola, que saltou dos morcegos frugívoros das florestas da África ocidental para os humanos e desatou o contágio. O grave é que aconteceu o mesmo com a aids e a sars. Cerca de 70% dos últimos surtos epidêmicos que sofremos tem sua origem no desmatamento e nessa ruptura violenta com os ecossistemas e suas espécies. P. O que se pode fazer para prevenir isto? R. Temos que entender que é necessário estar em equilíbrio com o meio ambiente, que é o que nos dá todos os recursos para sobreviver. É preciso aproveitá-los, mas não podemos destruir e poluir tudo o que tocamos, como está acontecendo neste momento. O oceano, por exemplo, está nos dando de comer. Milhões de pessoas se alimentam com as reservas de pesca, mas estamos enchendo o mar com milhões de toneladas de plástico. Estamos indo contra nós mesmos. É importante que as pessoas entendam que a mudança climática não é uma questão de ecologia ou ativismo, mas de saúde pública. P. Quer dizer que o aquecimento global não só derrete as geleiras, ou deixa os ursos polares em perigo, como também produz muitas mortes de seres humanos? R. Claro. Erramos na narrativa a respeito da mudança climática nestes últimos anos. Acho que se falou muito de como o nível do mar está subindo ou como a camada de ozônio é afetada, mas faltou explicarmos como tudo isso no fundo tem um impacto tremendo sobre a nossa saúde. Às vezes, de forma arrogante, dizemos que é preciso salvar o planeta. Mas não. Temos que salvar a nós mesmos. O planeta nós o estamos destruindo, mas ele vai encontrar uma maneira de sobreviver; os humanos, não. P. Em uma recente conferência, você dizia que na luta contra o meio ambienteos seres humanos sempre perdem. Por quê? R. Se destruirmos a fonte da qual vivemos, os prejudicados seremos nós mesmos. Vemos com cada vez mais frequência como o ser humano é muito vulnerável frente aos fenômenos meteorológicos que a mudança climática está desatando, como tsunamis ou furacões. Há alguns dias houve uma nevasca muito dura na Espanha e nos paralisou imediatamente. No final, quem sairá perdendo seremos nós. P. Quais são as medidas mais urgentes que a OMS recomenda para evitar a deterioração do meio ambiente e da saúde pública? R. Uma muito importante é o conhecimento. Temos que ganhar mais adeptos para a causa. O objetivo é que muita gente entenda a relação entre mudança climática e saúde; que entenda, por exemplo, que seus pulmões, seu sistema cardiovascular e seu cérebro estão em risco por causa da poluição. Segundo, temos que fazer a transição para energias limpas e renováveis o mais rapidamente possível. Os combustíveis fósseis estão nos matando. Há sete milhões de mortes prematuras causadas pela poluição atmosférica que poderiam ser reduzidas deixando de gerar eletricidade com carvão e petróleo. Acelerar essa transição para as energias limpas vai gerar uma economia que nos ajudará a sair desta crise que o coronavírus desatou. P. Como é a relação entre energias limpas e desenvolvimento econômico? R. Um dólar investido em energias renováveis vai gerar quatro vezes mais trabalho que um dólar investido em energias fósseis. Acredito que, se os países mais pobres começarem a investir em energia solar e eólica, eles podem acelerar seu crescimento. Esta pode ser uma estratégia contra a desigualdade que se agravou com a pandemia. Outra recomendação importante é o planejamento das cidades pensando na saúde do ser humano. É preciso tirar os carros dos centros urbanos, ter um sistema de transporte público sustentável e limpo, e sobretudo não ter cidades superpopulosas como as de agora, que são inabitáveis. P. Como a densidade populacional das cidades afeta a transmissão dos vírus? R. Em 20 anos, 70% da população estará vivendo em centros urbanos. Será preciso tornar essa situação saudável e equitativa. Podemos ter

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