Professor Vladmir Silveira

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Como a mudança do clima pode afetar a vida microscópica em lagoas do Pantanal

Nas lagoas de água salgada do Pantanal, conhecidas popularmente como salinas, entre os poucos seres vivos que sobrevivem à alta alcalinidade da água estão os microrganismos, em especial as microscópicas cianobactérias que se multiplicam na superfície formando uma espessa camada verde – a chamada floração. Segundo estudo publicado em julho na revista Acta Limnologica Brasiliensia, o aumento de temperatura em testes de laboratório diminuiu a reprodução das duas principais espécies que vivem na região, Anabaenopsis elenkinii e Limnospira platensis. “Caso o mesmo efeito ocorra na natureza, o aumento de temperatura no contexto das mudanças climáticas poderá inibir a reprodução das cianobactérias e a sua floração”, deduz o biólogo Kleber Santos, do Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), em Santa Catarina, primeiro autor do estudo. Santos coletou 27 amostras de água de oito salinas da Nhecolândia, região do Pantanal quase do tamanho do estado de Alagoas, com cerca de 26 mil quilômetros quadrados (km2), no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul. Nos testes em laboratório, a velocidade de reprodução de A. elenkinii atingiu seu máximo a 25 graus Celsius (oC), caiu pela metade a 30 oC e praticamente parou a 35 oC, enquanto L. platensis quase não se reproduziu mais a partir de 30 oC. As duas espécies formaram estruturas chamadas acinetos ou hormogônios, que resistem a condições adversas – por exemplo, em períodos de seca intensa – e brotam apenas quando elas se tornam mais favoráveis. O resultado surpreendeu Santos. “Há poucos estudos desse tipo feitos com cianobactérias de regiões tropicais e, geralmente, o aumento de temperatura estimula a sua reprodução”, diz ele. O pesquisador sugere que diferenças genéticas da cepa do Pantanal podem influenciar esse comportamento, mas ressalta que mais estudos são necessários para entender suas causas. A microbiologista Simone Cotta, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba, considera improvável que o aumento de temperatura diminua as florações. Ela observa que há um consenso entre pesquisadores de que as mudanças climáticas tendem a promover a multiplicação de cianobactérias e ressalta que experimentos de laboratório, feitos em condições controladas, não explicam o que acontece na natureza. “A ocorrência de florações é um fenômeno multifatorial que ainda não é plenamente compreendido”, ressalta Cotta. Entre os efeitos já documentados em uma diversidade de estudos está a presença de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, que quando em excesso estimulam a floração. Terra de lagoas Na Nhecolândia, cujo nome homenageia um fazendeiro conhecido como Nheco, que viveu na região no século XIX, existem cerca de 1.500 salinas – ou lagoas alcalinas – de um total de cerca de 10 mil lagoas, a maioria de água doce. É o local com a maior extensão desses corpos d’água do mundo, com cerca de um a cada 3 hectares (ha), área equivalente a três campos de futebol. Com uma média de 2 metros (m) de profundidade e 1 km de diâmetro, as salinas são abastecidas pelas águas das chuvas e têm contato limitado com o lençol freático, ficam um pouco mais elevadas que as lagoas de água doce e são rodeadas por montes de 3 a 5 m de altura cobertos por vegetação. Por isso, ficam isoladas do fluxo de água doce que alaga a planície. Além disso, seu fundo é formado por uma camada endurecida de solo, que não deixa a água doce se infiltrar. A evaporação da água parada favorece o acúmulo de sais como sódio, potássio, magnésio e cálcio, que aumentam a alcalinidade do ambiente – por não conter o sal de cozinha (cloreto de sódio) a água não tem sabor salgado. Como elas são as últimas lagoas a secar em períodos de estiagem prolongada, são importantes para a sobrevivência dos animais, servindo de fonte de água e sais minerais. Santos observou que A. elenkinii, de floração verde, é a mais comum e a primeira a colonizar esses lagos, onde começa a fixar nitrogênio do ar. Quando o nível de nitrogênio dissolvido na água fica muito alto, ela é substituída por Limnospira platensis, de floração verde-azulada, antes chamada Arthrospira platensis – a espécie foi renomeada por Santos em 2023, em estudo publicado na revista Frontiers in Environmental Science, ao verificar que o organismo tinha mais afinidade com outro gênero. “É fundamental identificar esses seres vivos corretamente para entender sua fisiologia, ecologia e biodiversidade no Pantanal”, ressalta Santos. As cianobactérias conseguem fazer seu próprio alimento por meio da fotossíntese, assim como as plantas, usando o gás carbônico (CO2) do ar, a água e a luz solar. Por serem ricas em proteínas, vitaminas e minerais, são o principal ingrediente de um suplemento alimentar chamado espirulina. O estudo de Santos indica as condições ideais de temperatura, alcalinidade e concentração de nitrogênio na água para a reprodução do microrganismo. “Isso pode contribuir para aumentar a produtividade do suplemento”, afirma. Metano subaquático Em seu estágio de pós-doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), na Esalq-USP, Cotta participou de um estudo sobre outro aspecto das salinas do Pantanal: a emissão de gases. Usando câmaras que flutuam na água e aprisionam o ar emitido pela lagoa, a equipe coletou amostras de três salinas, com diferentes graus de alcalinidade, e verificou que a lagoa com floração de cianobactérias, a mais alcalina, emitiu uma grande quantidade de metano (CH4), como descrito em artigo publicado na edição de outubro da revista Science of the Total Environment. “Quando morrem, as cianobactérias são decompostas por microrganismos que consomem o oxigênio disponível na água”, conta Cotta. “Os restos da decomposição se depositam nos sedimentos do fundo, onde há maior prevalência de microrganismos que produzem CH4 a partir desse material.” O CH4 é um gás importante para o efeito estufa, pois seu potencial de aquecimento global (GWP) é 28 vezes maior do que o do CO2. “Na estação seca, a quantidade de CH4 emitida nessas lagoas é bem maior do que em outros ambientes aquáticos, onde as florações de cianobactérias são menos frequentes”, compara o engenheiro ambiental Thierry Pellegrinetti, pesquisador em estágio de pós-doutorado no Cena e primeiro autor do artigo. Os resultados indicam que as emissões são cerca de 38 vezes maiores do que as do mar Báltico,

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Doe e ajude o WWF-Brasil a proteger a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal

ALERTA GERAL!  Amazônia, Cerrado e Pantanal, biomas que abrangem mais de 70% do território brasileiro, estão ameaçados pelas queimadas. Se não dominarmos o fogo agora, ele vai dominar tudo.  A destruição da natureza está agravando a crise climática. Com o desmatamento e as consequentes queimadas, eventos climáticos extremos, como secas severas e enchentes, passam a acontecer com maior intensidade e frequência, afetando pessoas, fauna e flora em todo país. Na Amazônia, grande parte das queimadas é criminosa e tem ligação direta com o roubo de terras públicas, a invasão de garimpeiros e a exploração ilegal de madeira, entre outros. Na época de clima seco, o fogo é usado para “limpar” terrenos desmatados que, muitas vezes, estão dentro de áreas protegidas e territórios indígenas. Já no Pantanal e no Cerrado, existe a prática do manejo controlado do fogo, que deve ficar dentro de áreas delimitadas de cultivo. Porém, muitas vezes a falta de fiscalização e de técnicas adequadas, somadas aos períodos de seca, resultam em perda do controle das chamas e desastres ambientais. Além de ser 38% acima da média dos 10 anos anteriores, os 28.697 focos de queimadas registrados na Amazônia entre 1 e 27 de agosto desse ano, representam crescimento de 83% em relação ao mesmo período do ano passado. No total, são 53.620 focos de queimadas em 2024, número 80% maior que o registrado entre 1 de janeiro e 27 de agosto de 2023. Com 127% mais registros que em 2023, o Cerrado teve 15.190 focos de queimadas entre 1 e 27 de agosto desse ano. No acumulado de 2024 são quase 36 mil pontos de fogo. O bioma só teve números maiores de queimadas em 2012, 2010 e 2007. No Pantanal, os 3.845 focos de queimadas registrados nos primeiros 27 dias de agosto de 2024 representam aumento de 3.707% em comparação ao mesmo período de 2023. Já o acumulado desse ano registra 8.601 pontos de queimadas, segundo maior número da série histórica iniciada em 1998, e alta de 2.100% quando comparado ao ano passado. O que é grave, pode ficar pior. Precisamos evitar que as queimadas causem ainda mais: • destruição dos meios de sobrevivência de populações locais, o que agrava problemas socioeconômicos; • crescimento de casos de doenças respiratórias causados pela fumaça; • perda de milhares de vidas da flora e da fauna, incluindo centenas de espécies ameaçadas de extinção; • aumento da emissão de carbono, que intensifica a emergência climática. Faça sua doação para o WWF-Brasil e apoie a formação de brigadas, o resgate de animais e a recuperação de comunidades e ecossistemas atingidos pelo fogo. Ajude defender a vida das pessoas e da natureza. Ajude a proteger a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. Doe! Acesse o link para doação: https://doe.wwf.org.br/queimadas?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAab_r2cG1nZgKcROs4ONOPICcuQZVY9dHZk0U5KOjX0aDCaHzXQ-_lBmabM_aem_p__uY6hHRb6RCh0VBQVcVw  Fonte: WWF-BRASIL

Filmes retratam problemas urgentes da Amazônia pelo olhar da população afetada
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Dia Internacional das Reservas da Biosfera

A biodiversidade é o tecido vivo do nosso planeta. Ela sustenta o bem-estar humano no presente e no futuro, e seu rápido declínio ameaça a natureza e as pessoas. As reservas da biosfera oferecem soluções para proteger a natureza. Estas áreas especiais conectam comunidades locais com esforços de conservação, promovendo uma economia verde e um futuro mais sustentável. Em 759 locais em cinco continentes, as reservas da biosfera da @‌unesco preservam nossa biodiversidade e nos ensinam a viver em harmonia com a natureza. Embora já existam soluções sustentáveis ​​como estas, elas precisam ser ampliadas. Domingo foi o Dia Internacional das Reservas da Biosfera. Fonte: Nações Unidas

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“IBGE da vida marinha”: estudo inédito sobre a biodiversidade no mar revela potenciais impactos da mudança do clima

As comunidades de costões rochosos são impactadas pela variação na temperatura do oceano. É o que aponta um artigo publicado no periódico Marine Environmental Research em julho de 2024, resultado de um projeto de pesquisa que demonstra como os efeitos da temperatura do oceano, da força das ondas e do volume de água doce que chega ao mar exercem sobre a biodiversidade marinha. O estudo é uma espécie de “IBGE da vida marinha”, por avaliar a variação na abundância e no tamanho de organismos em costões rochosos ao longo da costa sudeste do país e permitir fazer a previsão dos impactos que as alterações climáticas podem trazer para esses organismos, segundo os autores do artigo – um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), o Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar/USP) e com pesquisadores ligados a instituições de pesquisa da China e do Reino Unido, contando com apoio do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Inédito, o projeto foi o primeiro desenvolvido na costa brasileira a avaliar a biodiversidade do entremarés em costões rochosos, em uma escala espacial de mais de 800 km, de Itanhaém, em São Paulo, a Armação dos Búzios, no estado do Rio de Janeiro. Durante o estudo, os pesquisadores coletaram informações sobre os locais onde estão distribuídas as várias espécies, em quais quantidades se encontram e os respectivos tamanhos. Esta característica é relevante porque determina a influência da espécie na comunidade, seja pela competição por espaço ou por sua ação de predação – carnívora ou herbívora – na relação com outras espécies. A equipe cruzou todas as informações reunidas com dados ambientais de temperatura do mar, grau de exposição às ondas e influência de água doce proveniente de rios, trabalhando em  várias etapas. Na primeira delas, campanhas de campo intensivas coletaram os dados em 62 costões rochosos em um espaço de poucos meses, garantindo que todos as informações estivessem sob influência de um mesmo regime de estação climática. Campanhas de coleta de campo ajudaram a avaliar a predação entre as espécies principais. Em outra etapa, a equipe realizou experimentos em 18 costões rochosos no gradiente latitudinal pesquisado, para testar como fatores das mudanças climáticas podem influenciar a predação entre esses animais. Essa etapa envolveu uma força tarefa, encarregada de instalar e monitorar gaiolas nas rochas na zona costeira. Além do trabalho de campo e análises dos organismos em laboratório, os pesquisadores realizaram etapas de sensoriamento remoto e modelagem, para obter dados de monitoramento de satélite sobre a temperatura do oceano, a descarga de água doce por rios na zona costeira e a força de impacto das ondas. As informações ajudaram a equipe a entender como cada um desses fatores varia, em uma escala de menos de dez quilômetros ao longo da costa. A pesquisa em campo e laboratório durou quatro anos e envolveu uma equipe de vinte pesquisadores e estudantes, resultando em diferentes publicações científicas. Nos últimos dois anos, artigos científicos derivados do projeto começaram demonstrar como a  biodiversidade interage nesse sistema. Por que estudar a influência das mudanças climáticas nos organismos marinhos Os pesquisadores estudaram como as populações de organismos marinhos variam em ambiente natural dentro de um gradiente de temperatura do oceano que varia naturalmente em cerca de 3 graus Celsius entre os locais com águas mais quentes, como é o caso da região da Baixada Santista até Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e as águas mais frias da região dos Lagos, também no Rio de Janeiro. O entendimento de como esse gradiente de temperatura influencia no ambiente natural permite extrapolar os potenciais impactos do aumento da temperatura do oceano – que, no último ano, por exemplo, tem estado de 1 a 2 graus Celsius acima da média no Atlântico Sul. No gradiente de temperatura do oceano na costa sudeste brasileira, os pesquisadores buscaram costões rochosos com diferentes graus de impacto das ondas, desde áreas mais abrigadas, com pouca força das ondas, até as com alta energia de ondas. Tornou-se possível avaliar, assim, como o aumento das ressacas no mar, que geram ondas mais fortes, pode influenciar na biodiversidade. Além da temperatura do oceano, a equipe avaliou o efeito local da força das ondas. Por fim, ao longo de toda a região do estudo, os pesquisadores buscaram costões rochosos próximos e distantes da foz de rios, para avaliar como o aumento das chuvas e a descarga de água doce no oceano podem influenciar a biodiversidade. A pesquisa envolveu a biodiversidade do entremarés de costões rochosos como modelo ideal por diferentes razões. Em primeiro lugar, as espécies do entremarés – área localizada entre as marés baixa e alta – habitam um ambiente altamente estressante, ficando submersas e expostas ao ar várias vezes ao dia, conforme a maré sobe e desce. Dessa forma, são organismos adaptados a fatores de estresse e excelentes modelos de estudo sobre como os impactos da mudança do clima podem afetar suas populações. Em segundo lugar, essas espécies enfrentam grandes variações de temperatura de umidade e de salinidade e têm sido mundialmente afetadas pelas ondas de calor atmosférico, sendo bons indicadores de impactos na zona costeira. A superfície das rochas, por exemplo, pode atingir mais de 50 graus Celsius no verão, ficando tão quente quanto o asfalto das cidades. Para os pesquisadores, um dos desafios do projeto era entender os padrões ecológicos naturais dentro de um gradiente de variação que permite extrapolar previsões para os cenários futuros de mudanças de clima. “Compreender o sistema natural é nossa maior força para buscar as soluções para o futuro. Nós focamos em avaliar diferentes fatores ambientais em conjunto, desde a rugosidade das rochas até a temperatura do oceano”, afirma o bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professor do Instituto do Mar da Unifesp, Ronaldo Christofoletti, coordenador do projeto e do grupo de pesquisa. Ele observa que a temperatura do oceano, o impacto das ondas e o aporte de água doce são

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Oito maneiras de superar a crise da poluição por resíduos

A humanidade gera entre 2,1 bilhões e 2,3 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano. Quando administrado de forma inadequada, grande parte desse lixo – de alimentos e plásticos a eletrônicos e têxteis – emite gases de efeito estufa ou produtos químicos venenosos. Isso prejudica ecossistemas, inflige doenças e ameaça a prosperidade econômica, prejudicando desproporcionalmente mulheres e jovens. No dia 30 de março, o mundo vai assinalar o Dia Internacional do Resíduo Zero. A data, liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), destaca a importância da gestão adequada dos resíduos. Também se concentra em maneiras de controlar o consumo conspícuo que está alimentando a crise do lixo. “O consumo excessivo está nos matando. A humanidade precisa de uma intervenção”, diz o  secretário-geral da ONU, António Guterres. “Neste Dia do Resíduo Zero, vamos nos comprometer a acabar com o ciclo destrutivo do desperdício, de uma vez por todas.” https://youtu.be/Tb7BLupWO-U Aqui estão oito maneiras de adotar uma abordagem de resíduo zero: 1. Combater o desperdício de alimentos Cerca  de 19% dos alimentos disponíveis para os consumidores são desperdiçados anualmente, apesar de 783 milhões de pessoas passarem fome. Cerca de 8% a 10% das emissões de gases de efeito estufa do planeta vêm da produção de alimentos que acabam sendo desperdiçados. Há muitas maneiras de virar essa maré. Os municípios podem promover a agricultura urbana e usar resíduos alimentares na criação de animais, agricultura, manutenção de espaços verdes e muito mais. Eles também podem financiar esquemas de compostagem de resíduos alimentares, segregar o desperdício de alimentos na fonte e proibir alimentos de lixões. Enquanto isso, os consumidores podem comprar apenas o que precisam, incluindo frutas e vegetais menos atraentes, mas perfeitamente comestíveis, armazenar alimentos com mais sabedoria, usar sobras, compostar restos de comida em vez de jogá-los fora e doar alimentos antes que estraguem, algo facilitado por uma série de aplicativos. A recuperação já está no cardápio em alguns lugares. Em Vallès Occidental, Espanha, os municípios estão redistribuindo o excedente de alimentos saudáveis para os marginalizados. Enquanto isso, na Nigéria, a organização sem fins lucrativos No Hunger Food Bank trabalha com a comunidade indígena Adeta para reduzir as perdas pós-colheita reciclando cascas de mandioca em ração animal. Combater o desperdício de alimentos e promover dietas saudáveis são medidas fundamentais para acabar com a insegurança alimentar, dizem os especialistas. Foto: AFP/Patrick Hertzog 2. Tratar os resíduos têxteis Menos  de 1% do material usado para produzir roupas é reciclado em novos itens, resultando em mais de US$ 100 bilhões em perda anual de valor material. A indústria têxtil também usa o equivalente a 86 milhões de piscinas olímpicas de água todos os anos. Para combater isso, a indústria da moda precisa se tornar mais circular. Marcas e varejistas podem oferecer modelos de negócios e produtos mais circulares que duram mais e podem ser refeitos, os governos podem fornecer infraestrutura para coletar e classificar tecidos usados, comunicadores – incluindo influenciadores e gerentes de marca – podem mudar a narrativa de marketing da moda e os consumidores podem avaliar se suas compras de roupas são necessárias. “O desperdício zero faz sentido em todos os níveis”, diz Michal Mlynár, Diretor Executivo Interino da ONU-Habitat. “Ao reter materiais na economia e melhorar as práticas de gestão de resíduos, trazemos benefícios para nossas economias, nossas sociedades, nosso planeta e para nós mesmos.” 3. Evite o lixo eletrônico Eletrônicos, de computadores a telefones, estão entupindo lixões em todo o mundo, à medida que os fabricantes incentivam continuamente os consumidores a comprar dispositivos novos. Por meio de políticas robustas, os governos podem incentivar os consumidores a manter seus produtos por mais tempo, ao mesmo tempo em que pressionam os fabricantes a oferecer serviços de reparo, uma mudança que traria uma série de benefícios econômicos. Podem também implementar  uma responsabilidade alargada do produtor, uma política que pode garantir que os produtores de bens materiais são responsáveis pela gestão e tratamento dos resíduos. Isso pode manter matérias-primas e bens no ciclo econômico e inspirar a prevenção de resíduos do consumidor, o design ecológico e a otimização da coleta de resíduos. “À medida que o mundo se afoga em resíduos, a humanidade deve agir”, diz Sheila Aggarwal-Khan, diretora da Divisão de Indústria e Economia do PNUMA. “Temos as soluções para resolver a crise de poluição por resíduos. Só precisamos de comprometimento, colaboração e investimento de governos, empresas e indivíduos para implementa”. O monitoramento de dados pode ajudar a identificar tendências na gestão de resíduos e ajudar a criar um design mais inteligente. Foto: PNUMA/Duncan Moore 4. Reduzir o uso de recursos em produtos O uso de matérias-primas mais do que triplicou nos últimos 50 anos, impulsionando a destruição de espaços naturais e alimentando a tripla crise planetária das mudanças climáticas, da perda de natureza e biodiversidade, da poluição e do lixo. Os produtores podem seguir padrões de design ecológico determinados nacionalmente para reduzir o uso de energia e recursos, minimizando produtos químicos perigosos na produção. Essas normas também garantem que os produtos sejam duráveis, reparáveis e recicláveis durante o uso. Isso deve ser parte de um esforço maior para projetar produtos por meio do que é conhecido como a abordagem do ciclo de vida. Isso implica reduzir o uso de recursos e as emissões para o meio ambiente em todas as etapas da vida de um produto, desde a produção até a reciclagem. 5. Acabar com a poluição plástica Os plásticos são comumente usados em eletrônicos, têxteis e produtos de uso único. Cerca  de 85% das garrafas, recipientes e embalagens de plástico descartáveis acabam em aterros sanitários ou são mal geridas. Como o plástico não se biodegrada, ele contribui para grandes impactos na saúde, já que os microplásticos se infiltram em fontes de alimentos e água. Além de eliminar gradualmente os plásticos de uso único e melhorar a gestão de resíduos, o estabelecimento de um sistema global de monitoramento e relatórios pode ajudar a acabar com a poluição por plásticos. 6. Tratar os resíduos perigosos Os produtos químicos são predominantes na vida diária – os eletrônicos podem conter mercúrio, os cosméticos podem ter chumbo e os suprimentos de limpeza geralmente têm poluentes orgânicos

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Como dados de biodiversidade se relacionam com diferentes temas de interesse público?

Como o jornalismo e a ciência podem trabalhar juntos para  aprofundar a compreensão pública sobre o valor da biodiversidade? E, assim, ajudar na promoção de estratégias eficazes de conservação e restauração da natureza? O Centro Latinoamericano de Investigación Periodística (El Clip) e o Instituto Serrapilheira se uniram para oferecer um workshop e bolsas de criação para jornalistas. O objetivo é a produção de reportagens investigativas baseadas em dados sobre a biodiversidade da Amazônia, bem como sua relação com serviços ambientais (como o controle do clima e o fornecimento de água) com a economia e políticas públicas. Para isso, os jornalistas terão acesso a dados de biodiversidade de uma plataforma recém-criada e trabalharão lado a lado com os cientistas responsáveis, vinculados ao Serrapilheira. Buscamos, assim, fomentar a colaboração jornalística e científica além das fronteiras nacionais e ampliar a cobertura sobre o tema. Os jornalistas selecionados participarão de um workshop presencial no Brasil e receberão apoio financeiro e científico do Serrapilheira para a realização de suas investigações, além de mentoria e apoio editorial e de dados do El Clip. O workshop incluirá treinamento com os cientistas responsáveis pela criação da plataforma de dados, além de metodologias de análise, coleta e limpeza de dados. Ao final do projeto, as histórias serão publicadas pelos veículos selecionados em parceria com El Clip. Perfil dos participantes Esta é uma chamada pública voltada para jornalistas com experiência em investigação, preferencialmente em temas ambientais, ou que já tenham reportado na Amazônia sobre assuntos diversos (sociais, ambientais, econômicos etc.). É desejável, mas não obrigatório, o conhecimento de técnicas de jornalismo de dados. Os candidatos devem ser oriundos da América Latina, preferencialmente dos países amazônicos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). Os candidatos podem ser vinculados a um veículo de comunicação ou serem freelancers, desde que apresentem uma carta de compromisso de um veículo interessado em publicar as reportagens em parceria com El Clip. O workshop será ministrado em espanhol e português. Os candidatos devem estar confortáveis em participar de um treinamento que vai misturar os dois idiomas. Serão selecionados candidatos que apresentem pré-propostas de investigações jornalisticamente relevantes, nas quais a biodiversidade e sua relação com outros temas de interesse público tenham um papel central. Além disso, devem demonstrar como as investigações serão estruturadas a partir do trabalho com dados e seu potencial de colaboração com cientistas e colegas de outros países. Etapas e condições do programa Etapa 1 – Workshop presencial Serão selecionados até 12 jornalistas para participar de um workshop presencial no Rio de Janeiro, entre 10 e 14 de fevereiro de 2025. O Serrapilheira vai cobrir os custos de transporte para o Rio de Janeiro dentro da América Latina, bem como a hospedagem no local selecionado pela organização. Na programação, estão previstas aulas, debates, estudos de caso e atividades práticas abordando temas como jornalismo colaborativo, construção de bases de dados para investigações jornalísticas, biodiversidade na Amazônia e propostas de novos formatos de narrativas jornalísticas para abordar o tema. Após o workshop, os jornalistas terão até duas semanas para refinar sua proposta de reportagem. Etapa 2 –  Bolsa de criação Os participantes receberão um aporte financeiro mensal em valor equivalente a 600 (seiscentos) dólares, durante 3 meses, além de mentoria e acompanhamento editorial do El Clip no processamento, análise e visualização de dados das histórias. Os jornalistas receberão também o suporte científico dos pesquisadores vinculados ao Serrapilheira. O pagamento dos aportes mensais estará vinculado a entregas periódicas de rascunhos e desenvolvimento da reportagem, nos prazos a serem definidos pelos organizadores. Durante esta etapa, os bolsistas participarão ainda de reuniões online para trocar descobertas, desafios e histórias que possam estar conectadas, continuando o aprendizado colaborativo. Etapa 3 – Publicação  O programa culminará com a publicação simultânea das histórias em diferentes países e meios de comunicação, contando com a coordenação do El Clip na estratégia de distribuição geral nas redes sociais e websites. Processo seletivo No período entre 15 de outubro e 5 de novembro, os candidatos deverão preencher o formulário de inscrição (https//serrapilheira.fluxx.io) com as perguntas abaixo. As propostas serão avaliadas por um comitê de especialistas. Candidatos pré-selecionados serão convidados para uma entrevista. Perguntas do formulário de inscrição (*) preenchimento obrigatório Cadastro Nome* E-mail* Gênero* Raça/Cor* Proposta Conte-nos quem é você em uma minibiografia (até 600 caracteres) Linkedin:  País de origem*  Cidade* Estado* Nome do veículo que publicará o trabalho*  Conte-nos mais sobre o veículo que publicará a história e sua relação com ele (Até 600 caracteres) Escreva um parágrafo de motivação explicando seu interesse neste programa (até 800 caracteres) Escreva sua proposta de projeto de investigação jornalística a ser realizada no âmbito deste projeto (até 2000 caracteres). A proposta deve incluir: a) A pergunta que deseja responder com a investigação; b) Quais são as principais fontes já identificadas; c) Qual seria a história mínima e qual seria a história perfeita que resultaria do trabalho; d) Qual seria o formato pretendido. Inclua um link para seu trabalho mais recente/relevante relacionado ao tema do programa (em português, espanhol ou inglês): Link 1: Descreva brevemente este trabalho e explique por que ele é relevante (até 1000 caracteres): Já obteve financiamento e treinamento para realizar algum projeto similar? * Sim, financiamento e/ou treinamento do Serrapilheira Sim, financiamento e/ou treinamento de outra instituição Não Se marcou sim, conte qual foi o projeto e o financiador (Até 500 caracteres) Qual o seu nível de familiaridade com o uso de planilhas (Excel, Google Sheets, etc.)? Nenhuma experiência Básico: Consigo inserir dados e fazer cálculos simples Intermediário: Consigo usar fórmulas e organizar dados Avançado: Consigo criar gráficos, tabelas dinâmicas e usar funções complexas Você já trabalhou com conjuntos de dados grandes? Se sim, pode descrever uma experiência? (até 300 caracteres) Sim Não Liste aqui as principais bases de dados que pretende usar em sua investigação (até 300 caracteres) Cronograma Abertura do sistema de inscrições 15 de outubro de 2024 Encerramento das inscrições 5 de novembro de 2024 Divulgação dos selecionados 3 de dezembro de 2024 Bootcamp online preparatório para o workshop 3

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O que é o Marco Global da Biodiversidade?

Marco Global da Biodiversidade estabelece metas para deter e reverter a perda da natureza até 2050. Em meio a um perigoso declínio da biodiversidade que ameaça a sobrevivência de 1 milhão de espécies, o Marco Global é esperança de um futuro mais sustentável, para as pessoas e para o planeta. Reunidos em Cali, na Colômbia, mais de 190 países estão analisando, pela primeira vez, o progresso na implementação do Marco Global. Para frear a extinção de espécies de plantas e animais: Mais de 190 países estabeleceram em 2022 um pioneiro plano de ação o Marco Global da Biodiversidade. Ele estabeleceu 23 metas que precisam ser cumpridas até 2023 e 2050: Metas a serem alcançadas até 2030, incluem – Garantir conservação de 30% da terra, mar e águas interiores; Restaurar 30% dos ecossistemas degradados pela ação humana; E até 2050, é necessário: Garantir a partilha equitativa de benefícios da biodiversidade; Deter a extinção de espécies induzida pelo homem; Fonte: ONU Brasil

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Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2024

À medida que os impactos climáticos se intensificam globalmente, o Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2024: Chega de calor… por favor! constata que as nações devem apresentar ambição e ação muito mais fortes na próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou a meta de 1,5°C do Acordo de Paris não será alcançada em poucos anos. O relatório é a 15ª edição de uma série que reúne muitos dos principais cientistas climáticos do mundo para analisar as tendências futuras das emissões de gases de efeito estufa e oferecer possíveis soluções para o desafio do aquecimento global. O que há de novo no relatório deste ano? O relatório analisa o quanto as nações devem prometer cortar os gases de efeito estufa e cumprir na próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que devem ser apresentadas no início de 2025, antes da COP30. São necessárias reduções de 42% até 2030 e de 57% até 2035 para se chegar a 1,5°C. Se falharmos em aumentar a ambição nessas novas NDCs e se não começarmos a cumprir as metas imediatamente, o mundo entrará na rota de um aumento de temperatura de 2,6 a 3,1 °C ao longo deste século. Isso traria impactos devastadores para as pessoas, o planeta e as economias. Ainda é tecnicamente possível entrar em um caminho de 1,5°C, com a energia solar, a energia eólica e as florestas sendo uma promessa real de cortes rápidos e abrangentes nas emissões. Para concretizar esse potencial, as NDCs precisariam ser amparadas urgentemente por uma abordagem governamental holística, por medidas que maximizem os benefícios socioeconômicos e ambientais, por uma colaboração internacional aprimorada que inclua a reforma da arquitetura financeira global, por uma ação forte do setor privado e por um aumento mínimo de seis vezes no investimento em mitigação. As nações do G20, especialmente os membros que mais emitem, precisariam fazer o trabalho pesado. Leia o relatório completo: https://www.unep.org/pt-br/resources/relatorio-sobre-lacuna-de-emissoes-2024 Fonte: ONU programa para o meio ambiente

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Mais da metade do PIB mundial depende da natureza

Você sabia que 80% das frutas crescem graças aos polinizadores? Sem ecossistemas naturais funcionais, as economias entrariam em colapso. No momento em que a COP16 Colômbia está em andamento, veja como o PNUMA acelera a ação global para promover a paz com a natureza: https://www.unep.org/pt-br/we-are-nature  Dependemos da natureza para nossa própria sobrevivência. Desde os alimentos que comemos até a água que bebemos e a energia que movimenta nossas vidas – a natureza é o nosso bem-estar.    Mas estamos em uma encruzilhada decisiva. A crise da natureza está ameaçando a própria estrutura de toda a vida na Terra – a perda de biodiversidade está acelerando a uma taxa sem precedentes, nossos ecossistemas estão degradados e os benefícios que a natureza proporciona estão diminuindo globalmente devido à produção e ao consumo insustentáveis. Essa perda ameaça nossa saúde, enfraquece as economias e exacerba as desigualdades sociais, colocando as comunidades vulneráveis em maior risco.  Prevenir, interromper e reverter o declínio da natureza não é apenas urgente – é essencial. Agora é a hora de agir e todos nós temos um papel a desempenhar.   Nós somos a #GeraçãoRestauração.  Compatilhe suas ações com a ONU: https://forms.office.com/pages/responsepage.aspx?id=2zWeD09UYE-9zF6kFubccKX1OXZsxW9NtgPryPgb67dUQTZaTFlOSFpESU1IRVdaMFBFRjlEWEtQUi4u&route=shorturl  Fonte: ONU Programa para o meio ambiente

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Crise enfrentada pela natureza é o centro das atenções na cúpula da ONU

Uma importante conferência das Nações Unidas sobre diversidade biológica será realizada em Cali, Colômbia, onde 196 nações discutirão como deter e reverter o declínio do mundo natural. A Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16) apresenta uma agenda de 12 dias repleta de assuntos destinados a ajudar a humanidade a fazer “as pazes com a natureza”, nas palavras do país anfitrião, a Colômbia. Espera-se que os líderes argumentem que esse processo é crucial para promover a paz e apoiar o desenvolvimento sustentável. O encontro acontece em meio a um declínio vertiginoso dos ecossistemas em todo o mundo, que está criando um “amanhã perigoso e incerto”, adverte o secretário-geral da ONU, António Guterres. Em Cali, espera-se que os representantes dos países discutam a implementação do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, um acordo histórico de 2022 para deter e reverter a perda da natureza. Eles também explorarão como canalizar bilhões de dólares para que os países em desenvolvimento preservem e gerenciem a biodiversidade de forma sustentável. E debaterão regras inovadoras que poderão exigir que empresas privadas compensem as nações por avanços baseados em sequenciamento genético. “De muitas maneiras, este é um momento decisivo para a natureza e, por extensão, para muitas comunidades em todo o mundo”, diz Susan Gardner, diretora da Divisão de Ecossistemas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). “A degradação ambiental está alimentando a pobreza, provocando deslocamentos e desencadeando conflitos. Nos últimos anos, vimos países assumirem compromissos ousados para enfrentar a crise da natureza. Durante as próximas duas semanas, precisamos ver essas promessas transformadas em ação.” Veja a seguir uma visão mais detalhada do que esperar da COP16. Por que se chama COP16?  Em 1992, 150 nações assinaram a Convenção sobre Diversidade Biológica, um acordo global para apoiar o desenvolvimento sustentável por meio da proteção da teia da vida na Terra. Isso marca a 16ª Conferência das Partes (COP) desse acordo, que desde então passou a incluir 196 nações.   Na COP16, espera-se que os líderes mundiais, a sociedade civil, os cientistas e outros se concentrem na mensagem de que a humanidade está ficando sem tempo para salvar o mundo natural – e, por extensão, a si mesma. Crédito: AFP/Joaquin Sarmiento  Qual será o tema subjacente da COP16?  Líderes mundiais, cientistas, grupos de jovens, profissionais de finanças e outros participarão do que tem sido chamado de “COP das pessoas”. Espera-se que eles se concentrem na mensagem de que a humanidade está ficando sem tempo para salvar o mundo natural – e, por extensão, a si mesma. Os recursos naturais e os serviços que a natureza oferece são a base da civilização humana. Mas os ecossistemas em todo o mundo estão sendo degradados e 1 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção. Essa crise está consolidando a pobreza, comprometendo as economias e minando qualquer chance de atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Apesar disso, há um sentimento de otimismo na COP16, com os defensores do meio ambiente esperançosos de que a comunidade internacional esteja pronta para aumentar os esforços para enfrentar essa crise da natureza. “Por muito tempo, a humanidade se viu separada da natureza”, diz Gardner. “Essa perspectiva está começando a mudar e a COP16 será uma oportunidade importante para reforçar a mensagem de que a humanidade e a natureza estão intrinsecamente ligadas.” Por que a COP16 é importante?  Será a primeira vez que os países se reunirão desde a adoção do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal em 2022. O marco contém 23 metas inovadoras projetadas para proteger o mundo natural e que devem ser cumpridas em 2030. Os países concordaram em atualizar seus planos nacionais para cumprir essas metas quando chegarem à COP16, que apresentará uma verificação do status de como as nações estão se saindo. “Para que essa conferência seja um sucesso, precisamos ver evidências de que os países estão se esforçando e traduzindo as ambições do Marco Global de Biodiversidade em ações em nível nacional”, disse Gardner.   Espera-se que as discussões na COP16 se concentrem em como as comunidades podem se beneficiar dos avanços baseados no sequenciamento genético. Crédito: AFP/Joaquin Sarmiento   Que papel a genética desempenhará na COP16?  Um papel potencialmente enorme. Os países se comprometeram a compartilhar de forma mais ampla os lucros provenientes dos avanços baseados nas informações genéticas de plantas, animais e outros seres vivos. Essas informações, que incluem o DNA, são armazenadas digitalmente e usadas por empresas para desenvolver tudo, desde produtos de beleza até medicamentos e plantações de alto rendimento. Os governos concordaram em criar um mecanismo de financiamento que canalizaria parte dos lucros do uso das chamadas informações de sequenciamento digital para a conservação da biodiversidade e para as comunidades que protegem a natureza. Mas ainda não foi especificado quais empresas contribuiriam para o fundo, quanto deveriam contribuir ou como o dinheiro seria distribuído. Os negociadores tentarão responder a essas questões espinhosas na COP16. Os observadores dizem que essas negociações serão acompanhadas de perto pelos participantes dos setores cosmético, farmacêutico e agrícola. Uma ideia em discussão prevê que as empresas contribuam com 1% de seus lucros para o mecanismo de financiamento, um número que poderia chegar a dezenas de bilhões de dólares. O financiamento terá destaque nas discussões?  Sim. As discussões se concentrarão em como aumentar o volume de dinheiro dedicado à natureza. O Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal exige que os países reduzam os subsídios prejudiciais ao meio ambiente em US$ 500 bilhões por ano e gastem US$ 200 bilhões anualmente na implementação de seus planos nacionais de biodiversidade. Como parte desse acordo, as nações desenvolvidas se comprometeram a fornecer às nações em desenvolvimento US$ 20 bilhões anuais para apoiar o trabalho relacionado à biodiversidade até 2025. Na COP16, serão realizadas discussões sobre os arranjos institucionais para o financiamento da biodiversidade e espera-se que os países adotem uma abordagem atualizada para a mobilização de recursos financeiros. O progresso nesses pontos seria um “sinal inicial importante” de que os países desenvolvidos estão comprometidos em cumprir as ambições do Marco Global de Biodiversidade, disse Gardner. “O financiamento é crucial para o sucesso do Marco Global de Biodiversidade”, acrescentou ela. “Sem ele,

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