Professor Vladmir Silveira

Como uma enorme mancha de lixo virou um ecossistema no oceano?

Área três vezes maior que a Bahia concentra redes, garrafas e microplásticos levados por correntes marítimas.

No meio do Oceano Pacífico, entre os Estados Unidos e o Japão, existe uma mancha de lixo com mais de 1,5 milhão de km². Para ter uma ideia, é como se o estado da Bahia fosse coberto três vezes por plástico.

Essa massa de detritos não está parada por acaso.

Ela é mantida no mesmo ponto pelos giros oceânicos, grandes correntes marítimas que circulam em redemoinhos e acabam reunindo redes de pesca, garrafas e milhões de microplásticos em uma mesma região.

O mais surpreendente, porém, é que essa mancha se transformou em um ecossistema inusitado.

Pesquisadores já identificaram caranguejos, anêmonas, algas e até microrganismos vivendo e se reproduzindo no plástico.

O fenômeno ganhou até nome: “plastisfera”, uma espécie de recife artificial em alto-mar.

Apesar da dimensão, a mancha não aparece em imagens de satélite.

O motivo é que o plástico é muito disperso — ocupa menos de 0,02% da superfície da área— e se mistura facilmente a algas e sedimentos.

Por isso, o que existe são mapas de concentração feitos a partir de navios e drones.

Mas esse novo ecossistema também tem um lado perigoso.

As mesmas correntes que reúnem o lixo transformam os resíduos em verdadeiras balsas, capazes de transportar espécies de um continente a outro.

Isso favorece a propagação de organismos invasores e até de micróbios que podem causar doenças.

A fauna marinha também sofre os efeitos: baleias, tartarugas e peixes confundem o plástico com alimento e muitas vezes acabam morrendo asfixiados.

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