Professor Vladmir Silveira

Artigos, Na mídia

Sobre a Justiça, o Clima e os seres humanos: uma Crônica Internacional.

No último 23 de julho — data que talvez passe despercebida à maioria dos homens de negócios, mas não aos atentos aos destinos do planeta — a Corte Internacional de Justiça (CIJ) resolveu pôr sua pena a serviço da atmosfera. Fez-se ouvir, em parecer consultivo, pedido por Vanuatu (que, embora pequeno no mapa, tem os pés molhados pelo mar que sobe), e proclamou o óbvio: Os Estados têm obrigação legal de conter a fúria climática que eles mesmos alimentaram. Não que a Corte tenha inventado o dever — já estava ali, no artigo do tratado, no opniojuris do costume internacional, em especial, na consciência aguda dos que enxergam mais longe que o próprio nariz. Mas ao dizer o que já se dizia, fez-se ouvir como quem revela o segredo sabido por todos, menos pelos que decidem. Ah! O parecer! Tão cheio de palavras nobres — obrigações, cooperação, diligência — que se pode quase esquecer que falamos de fumaça, calor, miséria e morte. A Corte afirmou, com solenidade jurídica, que os compromissos do Acordo de Paris não são promessas de casamento em dia de festa, mas votos firmes, com obrigações que não se dissolvem no primeiro suspiro de petróleo. Exigiu-se, pois, dos Estados atitudes concretas: planejamento, execução, revisão periódica e, se possível, um pouco de vergonha na cara. O texto alertou: não fazer nada já é fazer algo — e mal feito. Afinal, quando o silêncio do legislador ecoa em meio às chamas da floresta, é a própria omissão que grita. E destaca-se aqui que a Corte teve a ousadia de dizer que o meio ambiente saudável é condição para viver, comer, respirar — em suma, para ser humano. E ao fazer essa ponte entre a ecologia e os direitos humanos, fez tremer a base de muitos tratados assinados com plumas mas ignorados com tratores. Mencionou-se, em tom quase didático, que prevenir o dano ambiental é dever primeiro — daqueles que sabem que depois da inundação não se remenda casa. E com dedo firme apontou-se os velhos emissores, os senhores da fumaça — Estados Unidos, China, Europa — como os que, por sua história de excessos, devem agora pagar a conta. Em outras palavras, as obrigações são comuns – todos os Estados devem contribuir com a redução das emissões – porém de forma diferenciadas. Não como caridade, mas como justiça. Uma justiça com cifrão, assistência técnica e prazos curtos. Claro, alguém dirá: “Mas o parecer não obriga!”. De fato, não obriga como uma sentença, mas pesa como consciência. E se é verdade que as consciências podem ser leves, há ocasiões em que pesam como chumbo. Países como Fiji, Tuvalu, Maldivas — esses nomes que soam como poesia e afundam como pedra — já disseram que farão uso do parecer para cobrar reparações. E acredita-se que estejam certos, pois está evidente a responsabilidade por danos. O parecer veio com imediata e grande repercussão mundial. A ministra alemã, com sobriedade germânica, falou em “ponto de inflexão”. O representante das Ilhas Marshall, com esperança insular, falou em “voz para a ciência e a ética”. Todos disseram muito, mas talvez ninguém tenha dito o bastante. E assim caminhamos para Belém, onde a COP30 fará pose para a foto e, quem sabe, abrirá os ouvidos ao eco de Haia. Talvez lá se entenda que o direito ao futuro não é mais metáfora, mas cláusula pétrea da nossa sobrevivência. Em suma, o parecer da Corte é como uma carta enviada tarde, mas ainda em tempo. Cabe agora aos destinatários abrirem-na, lê-la com atenção, e decidirem se querem ser autores de um novo capítulo ou personagens do epílogo. Prof. Dr. Vladmir Oliveira da Silveira Professor Titular de Direito da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), professor de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sócio da Advocacia Ubirajara Silveira (AUS).

Acontece, Eventos Realizados

XIV Encontro Internacional do CONPEDI

Mais um excelente Encontro Internacional do CONPEDI. E sempre UFMS presente! Uma honra participar! Parabéns aos nossos mestrandos que aprovaram artigos e/ou apresentaram também. Sobre o Congresso: O XIV Encontro Internacional do CONPEDI teve como tema central o “Direito 3D Law”, em referência à Teoria Tridimensional do Direito, proposta pelo jurista brasileiro Miguel Reale (1910-2006), que defendia a ideia de que o Direito só pode ser plenamente compreendido pela interação entre fatos, valores e normas jurídicas, promovendo uma visão integradora e dinâmica, capaz de orientar estudos de interpretação jurídica, elaboração de leis, jurisprudência e ensino do Direito. Reconhecido por seu legado intelectual e atuação acadêmica, seu nome figura entre os mais influentes juristas brasileiros, fazendo com que sua teoria e pensamento permaneçam como referência mundial, demonstrando, ainda hoje, que o Direito é uma ciência viva, inseparável da sociedade e de seus valores éticos.      

Sustentabilidade

Prêmio Mercosul prorroga inscrições até 15/09; tema deste ano é Segurança Alimentar no Contexto das Mudanças Climáticas

Serão distribuídos R$ 200 mil em premiações, em cinco categorias: Iniciação Científica, Estudante Universitário, Jovem Pesquisador, Pesquisador Sênior e Integração. Pesquisadores e estudantes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai podem se inscrever até o dia 15 de setembro no Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2025. O prazo de inscrições, que se encerrava em 15 de agosto, foi prorrogado por mais 30 dias. A iniciativa reconhece trabalhos científicos que contribuam para o desenvolvimento da região e fortaleçam a integração entre os países do bloco. O tema desta edição é “Segurança Alimentar no Contexto das Mudanças Climáticas”. Com foco na valorização da pesquisa científica e tecnológica, o Prêmio é promovido pela Reunião Especializada de Ciência e Tecnologia do Mercosul (RECyT), com a participação dos organismos de ciência e tecnologia dos países-membros. No Brasil, a organização é feita pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Podem concorrer pesquisadores em cinco categorias: Iniciação Científica, Estudante Universitário, Jovem Pesquisador, Pesquisador Sênior e Integração (voltada a grupos de pesquisa). Os trabalhos nas categorias Iniciação Científica e Estudante Universitário podem ser orientados por um professor orientador, que poderá apoiar a elaboração de mais de um trabalho, sendo a autoria e a responsabilidade do estudante. A premiação será concedida aos primeiros colocados de cada categoria. Os valores são: R$ 20 mil para Iniciação Científica; R$ 30 mil para Estudante Universitário; R$ 40 mil para Jovem Pesquisador; R$ 60 mil para Integração. Em caso de equipe, o prêmio será entregue ao autor principal. Além da quantia em dinheiro, os vencedores poderão receber certificados e ter seus trabalhos publicados em livro. O objetivo do prêmio é reconhecer e condecorar os melhores trabalhos de estudantes, jovens pesquisadores e equipes de pesquisa que representem potencial contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico dos países membros e associados ao Mercosul, incentivar a realização de pesquisa científica e tecnológica e a inovação no âmbito do bloco e contribuir para o processo de integração regional entre os países, mediante incremento na difusão das realizações e dos avanços no campo do desenvolvimento científico e tecnológico no Mercosul. As pesquisas inscritas devem estar alinhadas ao tema da edição e podem abordar os seguintes tópicos: Resiliência dos agricultores familiares e comunidades tradicionais às mudanças climáticas; Preservação da biodiversidade alimentar frente às mudanças climáticas; Uso de tecnologias da informação, incluindo inteligência artificial, na agricultura para enfrentamento às mudanças climáticas; Monitoramento das mudanças climáticas e transformação das paisagens; Exigibilidade do direito humano à alimentação e nutrição adequadas de populações vulnerabilizadas pelas mudanças climáticas; Estratégias em segurança alimentar de proteção e defesa aos desastres naturais agravados pelas mudanças climáticas. Acesse na íntegra o edital: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/premios/premio-mercosul/home-mercosul/ Fonte: Gov.com

Oportunidades

Chamada para bolsas de pesquisa fora do país investe R$ 215 milhões e recebe propostas até 06/10

Mínimo de 10% será investido em cooperação com grupos de países latino-americanos, caribenhos e africanos; e outros 20%, em projetos vinculados a instituições das regiões N, NE e CO. A chamada para Projetos Internacionais de Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação do CNPq destinará R$ 215 milhões, em bolsas e custeio, ao apoio a projetos de cooperação científica internacional para pesquisadores brasileiros fora do país. As submissões de candidaturas podem ser enviadas até o dia 06 de outubro, com resultado final previsto para dezembro. A chamada deste ano repete o valor da edição passada, mantendo o patamar 26% superior em relação à de dois anos atrás. Os candidatos podem concorrer em três faixas: 1) projeto de pesquisa com comprovada articulação internacional entre grupos já estabelecidos, com valor-limite por projeto ampliado (veja abaixo); 2) proposta individual de pesquisadores com até 10 anos de doutoramento; e 3) proposta individual para pesquisadores que tenham bolsas pós-doutorado júnior (PDJ) ou (PDS) do CNPq ativas. Introduzida no ano passado, a faixa 3 será oferecida novamente, abrindo a bolsistas de pós-doutorado do CNPq a possibilidade de terem uma experiência de pesquisa no exterior, atuando como elo entre grupos de pesquisa do país e estrangeiros, de modo a fortalecer relacionamentos de cooperação internacional. A chamada prevê que um mínimo de 10% do total será investido em projetos de cooperação com grupos e/ou redes de pesquisa de países latino-americanos, caribenhos e africanos; e outros 20%, em projetos vinculados a instituições sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Do valor total da chamada, R$ 200 milhões destinam-se à concessão de bolsas, e R$ 15 milhões a custeio (de itens como passagens e diárias, seguro, material de consumo, serviços e despesas acessórias com importação, apenas para a faixa 1 e a partir de 2025). Projetos da faixa 1 podem alcançar o valor máximo de R$ 500 mil em bolsas e R$ 75 mil em custeio – quase o dobro da chamada anterior, que limitava o aporte por projeto a R$ 300 mil. Candidaturas da faixa 2 têm valor máximo de R$ 200 mil, considerado o limite de 12 meses de vigência da bolsa na modalidade pós-doutorado no exterior (PDE). E propostas da faixa 3 podem alcançar o valor máximo de R$ 80 mil, considerado o limite de 3 meses de vigência da bolsa na modalidade desenvolvimento tecnológico e inovação no exterior sênior (DES) – nesse caso, a bolsa PDJ ou PDS fica suspensa e é retomada após o retorno do pesquisador. Acesse o edital completo: http://memoria2.cnpq.br/web/guest/chamadas-publicas?p_p_id=resultadosportlet_WAR_resultadoscnpqportlet_INSTANCE_0ZaM&filtro=abertas&detalha=chamadaDivulgada&idDivulgacao=13106 Fonte: Gov.br

Chamada de artigos para Composição de Livro Nacional “Mulheres no Direito Político e Econômico PPGDPE -Mackenzie”
Oportunidades

Programa de Bolsas de Pós-Graduação investe R$ 430 milhões e ofertará mais de 5.500 bolsas de mestrado e doutorado; inscrições até 17/09

As novidades deste ano são a ampliação das bolsas de doutorado em duas faixas e a introdução de um bônus por ações de equidade e inclusão na pós-graduação. Estão abertas as inscrições do Programa Institucional de Bolsas de Pós-Graduação (PIBPG) do CNPq, que prevê a concessão de cerca de 5.500 bolsas a instituições de pesquisa e ensino superior de todo o país. As inscrições vão até o dia 17 de setembro. A chamada deste ano traz duas novidades importantes em relação à edição anterior: a ampliação do número de bolsas de doutorado em duas faixas; e a introdução de um bônus na pontuação final para propostas que apresentem ações estruturadas de equidade e inclusão na pós-graduação. A estimativa é de conceder 4.266 bolsas de mestrado e 1.254 bolsas de doutorado. As solicitações devem ser enviadas pelas instituições, conforme sua dimensão e grau de consolidação. Os projetos serão classificados nas seguintes faixas: • Faixa A (IES/ICT Consolidadas): até 350 bolsas para mestrado e até 170 para doutorado (50 a mais em relação ao ano passado). • Faixa B (IES/ICT em Consolidação): até 50 bolsas para mestrado e até 35 para doutorado (5 a mais em relação ao ano passado). • Faixa C (IES/ICT Emergentes): até 10 bolsas para mestrado e até 10 para doutorado. Outro diferencial da chamada é a criação de um bônus na avaliação para propostas institucionais que demonstrem políticas, programas ou ações estruturadas de equidade e inclusão. A iniciativa valoriza instituições comprometidas com a diversidade e com a democratização do acesso à formação científica de alto nível. “Desde 2023, o CNPq vem tentando recompor as bolsas de mestrado e doutorado, em um movimento de expansão ainda aquém da necessidade, dado o limite orçamentário. É importante ressaltar que o edital de distribuição dessas bolsas tem sido aperfeiçoado, tanto no sentido de se adequar mais à realidade das instituições proponentes, quanto na direção de buscar critérios mais justos de alocação dos recursos. Um exemplo disso é a valorização na chamada atual de práticas mais inclusivas nas ICTs”, destaca Dalila Andrade Oliveira, Diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do CNPq. Instituído em 2022, o PIBPG é uma política pública estratégica do CNPq, que busca promover o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, alinhada com as políticas de ciência e tecnologia do país.  Atualmente, 216 instituições de ensino superior e centros de pesquisa de todo o Brasil participam do programa.   Fonte: Gov.br

Como a degradação da Amazônia aumenta o risco de novas pandemias
Sustentabilidade

Desmatamento reduz 74% das chuvas e aumenta em 16% temperatura na Amazônia

Pesquisa liderada por cientistas da USP quantifica, pela primeira vez, impactos da perda da floresta e das mudanças climáticas globais no bioma. O desmatamento da Amazônia brasileira é responsável por cerca de 74,5% da redução de chuvas e por 16,5% do aumento da temperatura do bioma nos meses de seca, segundo um estudo liderado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP). O estudo traz resultados fundamentais para orientar estratégias eficazes de mitigação e adaptação, temas-alvo da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30, marcada para novembro em Belém (PA). Os cientistas analisaram dados ambientais, de mudanças atmosféricas e de cobertura da terra de aproximadamente 2,6 milhões de quilômetros quadrados (km2) – 29 blocos com área de cerca de 300 km por 300 km cada um – na Amazônia Legal brasileira em um período de 35 anos (1985 a 2020). Utilizando modelos estatísticos paramétricos, destrincharam os efeitos da perda florestal e das alterações na temperatura, na precipitação e nas taxas de mistura de gases de efeito estufa. As chuvas apresentaram uma redução de cerca de 21 milímetros (mm) na estação seca por ano, com o desmatamento contribuindo para uma diminuição de 15,8 mm. Já a temperatura máxima aumentou cerca de 2 °C, sendo 16,5% atribuídos ao efeito da perda florestal e o restante às mudanças climáticas globais. “Vários artigos científicos sobre a Amazônia já vêm mostrando que a temperatura está mais alta, que a chuva tem diminuído e a estação seca aumentou, mas ainda não havia a separação do efeito das mudanças climáticas, causadas principalmente pela poluição de países do hemisfério Norte, e do desmatamento provocado pelo próprio Brasil. Por meio desse estudo, conseguimos separar e dar peso para cada um desses componentes, praticamente mostrando uma espécie de ‘conta a pagar’”, resume o professor Luiz Augusto Toledo Machado. Pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e colaborador do Departamento de Química do Instituto Max Planck, na Alemanha, Machado diz à Agência FAPESP que os resultados reforçam a importância da conservação da floresta em pé para manter a resiliência climática. Isso porque a pesquisa mostrou que o impacto do desmatamento é mais intenso nos estágios iniciais. As maiores mudanças no clima local ocorrem já nos primeiros 10% a 40% de perda da cobertura florestal. “Os efeitos das transformações, principalmente na temperatura e precipitação, são muito mais importantes nas primeiras porcentagens de desmatamento. Ou seja, temos que preservar a floresta, isso fica muito claro. Não podemos transformá-la em outra coisa, como áreas de pastagem. Se houver algum tipo de exploração, precisa ser de forma sustentável”, complementa o professor Marco Aurélio Franco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. Fonte: CNN Brasil.

Vladmir Oliveira da Silveira
Acontece, Próximos Eventos

XXII Congresso Internacional de Direitos Humanos

Foi uma alegria e satisfação participar do XXII Congresso Internacional de Direitos Humanos, que teve como tema central ‘Direitos Humanos, Desenvolvimento Sustentável, Transições Energéticas e Ação Climática’. O evento, organizado pela UFMS, UCDB e o IDHMS-JN (Instituto de Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul José do Nascimento), proporcionou debates enriquecedores e relevantes para os desafios atuais da humanidade.    

CAPES abre seleção de professores para universidade dos EUA
Oportunidades

CAPES abre seleção de professores para universidade dos EUA

Universidade Estadual de Nova York em Buffalo receberá até 10 professores visitantes sêniores e 10 professores visitantes juniores Fonte: CAPES Está aberta até 1º de outubro a seleção de 20 professores para atuarem na Universidade Estadual de Nova York em Buffalo, nos EUA. A CAPES concederá bolsas e outros auxílios para os educadores, seguindo as regras descritas no Edital nº 16/2025, publicado na segunda-feira, 11 de agosto, e disponível no site da Coordenação. A CAPES/MEC disponibilizará até 10 bolsas de professor visitante sênior, com mensalidades de US$ 2,3 mil, e 10 de professor visitante júnior, cujo valor mensal é US$ 2,1 mil. Os benefícios durarão de três a 10 meses. Haverá, ainda, auxílios para instalação, seguro-saúde, deslocamento e localidade. A universidade em Buffalo poderá custear a vinda de Professores Visitantes ao Brasil para as IES de origem dos Professores Visitantes no Exterior. Essa é a primeira edição do Programa CAPES/Universidade em Buffalo (CAPES/UB) – Professor Visitante. Os objetivos da iniciativa incluem o aumento do intercâmbio entre brasileiros e norte-americanos, formação contínua de professores, criação de redes de parcerias e internacionalização da ciência brasileira. Iniciado nesta semana, o cronograma do edital se estenderá por um ano. O resultado preliminar está previsto para o último dia de 2025 e o final, 30 de abril de 2026. As atividades dos professores brasileiros na Universidade Estadual de Nova York em Buffalo devem se dar a partir de agosto do próximo ano. A seleção de professores visitantes é parte de um acordo firmado pela CAPES e a Universidade Estadual de Nova York em Buffalo em janeiro. A Coordenação enviará até 20 professores e até 10 pós-graduandos na modalidade doutorado-sanduíche a cada ano. Já a instituição norte-americana, poderá trazer ao Brasil até 10 de seus educadores por até um ano cada. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). (Brasília – Redação CGCOM/CAPES) A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES

Como a degradação da Amazônia aumenta o risco de novas pandemias
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Como a degradação da Amazônia aumenta o risco de novas pandemias

Fonte: BBC André Biernath Role, Da BBC News Brasil em Londres No segundo semestre de 2022, uma situação inusitada em Roraima chamou a atenção do cientista Felipe Naveca. Centenas de pessoas passaram a apresentar febre, dor no corpo, vermelhidão na pele e nos olhos — sintomas que sugerem um quadro de dengue, zika ou chikungunya. No entanto, uma grande proporção dos exames laboratoriais feitos nesses pacientes trazia um resultado negativo para essas três doenças, transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti. “Ou seja, eram muitos casos suspeitos e poucos confirmados”, resume Naveca, que é pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz). “Não era dengue. Era oropouche“, informa o especialista. Esse vírus endêmico da Amazônia também é transmitido por mosquitos — e a infecção provoca incômodos similares aos observados na ação daqueles outros três patógenos mais conhecidos. Desde o episódio ocorrido em Roraima, algo parecido se repetiu em outras partes da Região Norte, como Acre, Amazonas e Rondônia. Além disso, o vírus conseguiu ultrapassar as barreiras da Amazônia e hoje causa surtos em locais como Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, além de já ter sido importado para outros países das Américas e da Europa. O oropouche é apenas um exemplo de como a Amazônia, o local mais biodiverso do mundo, é lar de milhares de vírus, bactérias e outros agentes microscópicos que podem eventualmente causar problemas de saúde em seres humanos. Mais que isso, pesquisas recentes têm demonstrado que a degradação desse bioma por meio do desmatamento, do garimpo e de outras atividades aumenta o risco de contato com esses patógenos — e eventualmente pode se tornar o gatilho para futuras epidemias ou até pandemias. A BBC News Brasil conversou com especialistas para entender o risco de a Amazônia virar o berço de futuros problemas de saúde pública global e o que precisa ser feito para evitar que um cenário desses se torne realidade num futuro próximo. Vida em (des)equilíbrio Em linhas gerais, vírus, fungos, bactérias, protozoários e outros agentes microscópicos vivem ciclos bem definidos na natureza, com animais hospedeiros, intermediários e outros elementos que determinam o equilíbrio dessa dinâmica. “Esses patógenos circulam de uma maneira saudável dentro do ecossistema onde atuam, sem causar problemas para os seres humanos”, contextualiza o biólogo Joel Henrique Ellwanger, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “A ameaça só passa a existir quando acontece a interferência humana nesses sistemas”, complementa ele. Nos últimos cinco anos, Ellwanger publicou alguns artigos científicos em que detalha como um processo desses poderia acontecer na Amazônia. A ideia dele é entender como esse spillover — conceito científico que descreve uma espécie de “pulo” ou “salto”, um processo de transição no qual os patógenos passam a afetar os seres humanos — pode acontecer na prática, dentro do contexto específico deste bioma brasileiro. “Nem todo evento de spillover vai gerar uma epidemia. Isso vai depender do patógeno, de ele conseguir chegar até a população humana e encontrar ali as condições favoráveis para se disseminar”, pondera o biólogo. E essas tais condições favoráveis envolvem aspectos biológicos e genéticos — como nossas células terem um receptor onde o vírus consegue se encaixar, por exemplo — até questões sociais, como a existência de um mosquito na região que pode servir de hospedeiro e perpetuador dos ciclos de transmissão. “Quando ocorre o desmatamento em alguma região, toda a fauna que habita aquele lugar vai se mover. Muitas vezes, o animal que servia de reservatório natural para aquele patógeno foge. E os vetores, que transmitem doenças como malária e leishmaniose, vão se alimentar de sangue disponível, como o de seres humanos”, detalha Naveca. No entanto, quando pensamos na abundância amazônica, tudo isso ganha uma escala muito maior, o que faz as probabilidades também crescerem numa progressão geométrica. “Imagina a diversidade de plantas que existe ali e a gente sequer conhece. Se pensarmos que cada espécie de ser vivo possui um microbioma próprio, estamos muito longe de entender todas as potenciais ameaças”, explica Ellwanger. “Nós conhecemos apenas uma gota de um imenso oceano microbiano que interage nesse ecossistema”, complementa ele. O historiador das ciências Rômulo de Paula Andrade, da Casa de Oswaldo Cruz, também ligada à FioCruz, chama a atenção para o trabalho feito por um laboratório de virologia que foi instalado em Belém do Pará entre 1954 e 1971, com patrocínio da Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos. “Nesse período, a partir da coleta de amostras, eles isolaram mais de 2 mil cepas de vírus que são transmitidos por insetos ou aracnídeos”, conta ele. Ou seja, se apenas um ou alguns deles forem capazes de cumprir alguns requisitos básicos para um spillover — como foi o caso do oropouche recentemente —, estamos diante de uma possível nova dor de cabeça em termos de saúde pública. “Vários estudos recentes mostram que a gente não conhece quase nada em termos da diversidade de patógenos da Amazônia”, admite Naveca. E isso se torna ainda mais preocupante num cenário de degradação deste bioma, como registrado ao longo das últimas décadas. “São tantos os vetores, patógenos, mecanismos e facilitadores de eventos de spillover que a degradação da Amazônia se torna a tempestade perfeita para a disseminação de doenças infecciosas”, resume Ellwanger. Como a degradação contribui para o spillover Em suas pesquisas, Ellwanger registrou uma série de práticas que acontecem na maior floresta tropical do mundo. Segundo o cientista, elas estão por trás do desequilíbrio na dinâmica da natureza e do aumento do contato das pessoas com uma série de patógenos potencialmente perigosos. “Um dos grandes vetores do desmatamento na Amazônia hoje é a mineração”, cita ele. “Para realizar essa atividade, seres humanos entram na floresta, desmatam e exploram o solo em busca de ouro e outros minerais valiosos. Esse processo já coloca os seres humanos em contato com diversos vetores de doenças infecciosas, como mosquitos e carrapatos.” “Mas os problemas não param por aí: o garimpo está relacionado à contaminação do meio ambiente com mercúrio, substância tóxica que afeta o nosso sistema imunológico.

Pesquisa sobre Recuperação Florestal
Oportunidades

Pesquisa sobre Recuperação Florestal

Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) irão produzir o IX Prêmio em Estudos de Economia e Mercado Florestal, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI). No total, serão R$ 115 mil em prêmios para trabalhos acadêmicos que ajudem a construir um futuro mais sustentável para o País. O edital será lançado no dia 25 de agosto. Mais informações: https://www.gov.br/florestal/pt-br  

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